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segunda-feira, outubro 16, 2023

Entenda o conflito Árabe versus Israel


Video explicativo, para o entendimento correto sobre a situação do ataque do grupo terrorista palestino, o Hamas. O qual é apoiado, principalmente, pelo Irã.

domingo, janeiro 18, 2015

Fabricando a Terceira Guerra Mundial

Autor: Adrian Salbuchi

No mundo de hoje, cada vez mais interdependente e interativo, cada ação tem uma infinidade de causas, significados, objetivos e reações, muitos dos quais são visíveis, porém outros são invisíveis; alguns são admitidos e declarados abertamente, porém outros ninguém se atreve a confessar.

Ao tentar compreender os muitos conflitos complexos que estão ocorrendo no mundo e o ritmo frenético em que eles acontecem, seria errado abordá-los de forma isolada. Somente uma visão "holística" é que nos dá uma imagem de onde estamos e, mais importante ainda, para aonde estamos sendo arrastados.

A geopolítica do século 21 não pode ser compreendida aplicando-se uma mentalidade de silo. A guerra civil na Síria, a "Primavera Árabe", a destruição da Líbia e do Iraque, a China que cresce cada vez mais, o Japão que se encontra paralisado, a crise na zona do euro, o "escudo de mísseis" que os americanos querem construir na Polônia, o programa nuclear do Irã, a vindoura "Primavera Latino-Americana", etc. Se for abordado sem cuidado, o quadro que visualizamos é o de caos profundo. Mas, com a aplicação do modelo correto de interpretação, começamos a ver como as coisas estão inter-relacionadas, como reagem e se movem em obediência a forças extremamente poderosas e dinâmicas — conquanto em grande parte invisíveis — que de forma silenciosa dirigem o mundo atual.

Não Leia (Apenas) os Jornais

É bom estar informado; entretanto, é inútil se você não consegue formatar as informações em modelos inteligíveis e apropriados. O excesso de informações deixará seu cérebro sobrecarregado. Assim, é uma boa decisão evitar todas as manchetes estridentes, as notícias de última hora, os alarmes de terror e os âncoras de notícias da grande mídia. Isto é como olhar para um quadro impressionista de Claude Monet: se você ficar perto demais, somente verá um amontoado de pequenos pontos coloridos, mas, quando dá alguns passos para trás, então a beleza da pintura se revela diante de seus olhos.

Com toda a sobrecarga de informações hoje, precisamos juntar os pontos corretamente, apesar da insistência da grande mídia que os conectemos de forma incorreta.

A maioria de nós já percebeu que nosso planeta é "um mundo em guerra"; não em guerra contra algum outro planeta (isto tornaria as coisas fáceis de entender). Ao revés, somos uma civilização que está em luta consigo mesma e contra si mesma.

Lendo a imprensa global, precisamos pensar que esta é uma guerra entre nações soberanas, mas é mais complicado do que isto. Essa guerra mundial está sendo travada por uma Elite Global muito poderosa, ilegítima, autoritária, porém numericamente minúscula, que está inserida no interior das estruturas de poder públicas e privadas de todos os países do mundo, notavelmente nos EUA.

Ao contrário de um tumor cancerígeno maligno, não podemos remover essa elite imediatamente; podemos somente esperar enfraquecê-la e deter seu crescimento antes que entre em processo de metástase, matando todo o corpo político da humanidade. O mundo precisa agora é de uma forma sutil de "quimioterapia política virtual" para remover e destruir esse tumor maligno que o governa.

Uma manifestação-chave dessa doença social e política é a extrema desigualdade que existe nos EUA, onde 1% da população detém 35% da riqueza nacional, enquanto que os 90% da camada inferior precisam se virar com apenas 25% da riqueza. Para piorar as coisas, a vasta maioria dos congressistas, senadores e dos principais ocupantes dos cargos no Poder Executivo se enquadra na categoria dos "1% mais ricos".

Compreender as intenções ocultas, os planos de longo prazo, as ambições hegemônicas e os planos inconfessáveis necessários para alcançá-los é particularmente importante para os cidadãos dos EUA, Grã-Bretanha, Europa e Austrália. Afinal, são os líderes desses países que formalmente ordenam que suas forças armadas saqueiem e destruam os países-alvos.

Quando os eleitores na Argentina, na Colômbia, na Nigéria ou na Malásia escolhem líderes ruins, eles próprios são as únicas vítimas de suas más escolhas eleitorais. Mas, quando os eleitores americanos, britânicos ou franceses tolamente colocam pessoas erradas no poder em seus países, então centenas de milhões em todo o mundo sofrem com as bombas lançadas por aviões-robôs, interferências e mudanças forçadas de regime.

O Relatório da Montanha de Ferro

Um velho livro do fim dos anos 60, intitulado Report from Iron Mountain on the Possibility and Desirability of Peace foi supostamente escrito pelo Instituto Hudson, um centro de estudos e debates que investigou cenários para o futuro, por solicitação do então Secretário de Defesa, Robert S. McNamara. Muitos dizem que o livro é uma invenção. Mas, ele reflete extraordinariamente as realidades dos últimos 50 anos.

O livro inclui a afirmação que ele foi escrito por um Grupo de Estudos Especiais formado por 15 homens, cujas identidades deveriam permanecer secretas e que ele não era destinado para o público. Ele conclui que a guerra, ou uma substituta crível para a guerra, é necessária para que os governos possam se manter no poder.

O Relatório da Montanha de Ferro diz que "as guerras não são 'causadas' pelos conflitos de interesses internacionais. A sequência lógica apropriada frequentemente torna mais exato dizer que as sociedades guerreiras requerem — e assim produzem — esses conflitos. A capacidade de uma nação de fazer guerra expressa o maior poder social que ela pode exercer; a guerra ativa ou contemplada, é uma questão de vida e morte na mais alta escala sujeita ao controle social."

O relatório explica então que "a produção de armas de destruição maciça sempre esteve associada com o 'refugo' econômico'." O Relatório da Montanha de Ferro enfatiza que a guerra é um instrumento importante, pois cria demanda econômica artificial, uma demanda que não tem quaisquer questões políticas: "a guerra, e somente a guerra, soluciona o problema do inventário".

Sem qualquer surpresa, o Relatório da Montanha de Ferro conclui que a paz mundial não é desejável e nem está de acordo com os melhores interesses da sociedade, pois a guerra não somente tem funções econômicas importantes, mas também exerce papéis sociais e culturais fundamentais.


"A possibilidade permanente de guerra é o fundamento para o governo estável; ela fornece a base para a aceitação geral da autoridade política... A guerra é virtualmente um sinônimo de nacionalidade. A eliminação da guerra implica na inevitável eliminação da soberania nacional e do Estado-nação tradicional. Assim, a guerra tem sido o principal instrumento evolucionário para manter um equilíbrio satisfatório entre a grande população humana e os suprimentos disponíveis para sua sobrevivência. Ela existe somente na espécie humana."

Assim, de modo a garantir sua própria sobrevivência por meio de sua fixação dentro das estruturas de poder nos EUA, Grã-Bretanha e Europa, os Mestres do Poder Global necessitam da guerra, da ameaça e dos rumores de guerra, exatamente como um peixe necessita de água, os tigres necessitam de presas mais fracas e os cachorros necessitam de árvores... e todos por razões similares!

Mas, os EUA, a Grã-Bretanha e seus aliados não podem ter apenas qualquer inimigo. Eles precisam de um inimigo crível, perigoso, "atemorizador": primeiro esse inimigo foi a Alemanha, depois o Japão, a União Soviética, a "Ameaça Comunista" global; hoje, é o "terrorismo do fundamentalismo islâmico" e, cada vez, a China e a Rússia estão entrando no centro da tela do radar geopolítico dos Mestres do Poder Global.

O Caso Russo

Em tempos recentes, a Rússia tem exercido variadamente os papéis de Amortecedor, Freio e (agora, espera-se) Muro contra as agressões das potências ocidentais.

Quando a Rússia atua como um Amortecedor, o mundo sente-se frustrado quando casos como a Sérvia, o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão, a Líbia e a Palestina aparecem. Em todos esses casos, a Rússia pareceu confrontar os EUA/Grã-Bretanha/União Europeia/Israel em palavras, mas certamente não em ações. As potências ocidentais sempre fizeram o que quiseram, até mesmo na ONU.

Entretanto, em tempos recentes, a Rússia está agindo cada vez mais como um Freio às ambições hegemônicas do Ocidente, notavelmente na Síria e no Irã. Em novembro de 2011 e em fevereiro de 2012, a Rússia vetou duas Resoluções na ONU, patrocinadas pelos EUA/Grã-Bretanha/França contra a Síria que, se aprovadas, teriam tido o mesmo efeito devastador que a Resolução 1973 teve no ano passado sobre a Líbia. Além disso, a Rússia se recusou a apoiar os pseudorelatórios da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear. A Rússia também despachou forças militares dissuasivas para contrabalançar a militarização da OTAN no Golfo Pérsico e no Mediterrâneo.

Aqui, começamos a nos perguntar se uma luta com troca real de tiros poderá realmente ocorrer. Isto teve o efeito de forçar os EUA, a Grã-Bretanha, França e Israel a deixarem de executar suas ameaças de ataques unilaterais contra o Irã e a Síria. O aspecto negativo é que isto está forçando os EUA e seus aliados a recorrerem às táticas dissimuladas e criminosas, envolvendo a criação de insurreição e guerra civil — como a "Primavera Árabe" (veja abaixo).

A questão fundamental é o que precisa acontecer — que absurdos precisam as potências ocidentais cometer — para que a Rússia comece a agir como um Muro sólido, dizendo às potências ocidentais em termos bem claros: "— É até aqui que permitirei que vocês vão; não vou tolerar nada mais!"

Se e quando a Rússia finalmente fizer isso, irão as potências ocidentais recuar em suas ações militares, ou irão terraplenar seu caminho até o Muro russo? Esta é a questão fundamental, porque contém a resposta se o futuro verá ou não o início da Terceira Guerra Mundial. O mais importante com relação ao processo de tomada de decisão do Ocidente, é que tudo o que dizemos sobre a Rússia também é válido para a China, que os Mestres do Poder Global veem como seu verdadeiro inimigo no longo prazo, por causa de seu imenso crescimento econômico, político, demográfico e militar, além do crescente controle geopolítico chinês sobre os oceanos Pacífico e Índico.

O Caso Chinês

Os EUA e a Grã-Bretanha, com seus grandes poderios naval e aéreo, compreendem bem que a China tem muito mais opções de controlar os principais oceanos do que a Rússia, que tem seu território basicamente bloqueado pelo gelo. Acrescente a isto o fato que a China detém mais de 2 trilhões de dólares em títulos da dívida do Tesouro dos EUA, mais um trilhão em euros e então começamos a compreender que a China possui uma válvula financeira que ela pode abrir subitamente, produzindo o colapso da hegemonia do dólar.

Precisamos parar de pensar apenas em termos econômicos e financeiros, como a maioria faz no Ocidente, concluindo que a China nunca inundaria os mercados internacionais com um ou dois trilhões de dólares em títulos do Tesouro dos EUA, pois isso destruiria o valor desses títulos e, em um efeito bumerangue, teria um impacto negativo sobre a própria China, cujas reservas em dólar também evaporariam.

Todavia, a China — o Império de Dez Mil Anos — tem um diferente processo mental. A China aguarda o momento certo, enquanto joga xadrez com o adolescente Império Americano. A China pode até mesmo decidir jogar uma carta geopolítica — não econômico-financeira — sacrificando todas suas reservas em dólar apenas para paralisar o gigantesco privilégio monetário dos EUA, que permite a este país financiar sua gigantesca máquina militar. Fará a China os primeiros disparos no cenário financeiro global?

Em 2010, o WikiLeaks reportou que no ano anterior, o primeiro-ministro australiano Kevin Rudd discutiu com a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre como lidar com a China, e ambos expressaram seus temores com o rápido aumento das reservas em títulos da dívida emitidos pelo Tesouro dos EUA, levando Hillary a perguntar: "— Como você trata de forma dura seu banqueiro?" Ambos concordaram que as potências ocidentais deveriam tentar "integrar a China na comunidade internacional e, ao mesmo tempo, se preparar para usar a força se tudo o mais der errado".

O Pentágono sabe muito bem que o inimigo de longo prazo, após 2020, é a China. A publicação US News & World Report cita Aaron L. Friedberg — um ex-assessor do ex-presidente Dick Cheney, membro do PNAC (Projeto do Novo Século Americano) e do CFR (Conselho das Relações Internacionais), e professor da Universidade de Princeton — que disse que os EUA não deveriam poupar esforços para "manter o dragão chinês em sua caverna" — porque "a força dissuade a agressão" e advertindo que "isto custará dinheiro".

Ter a China em mente ajuda a compreender melhor os lances dos EUA em outros lugares distantes, como preparativos diretos e indiretos feitos no caminho até a China. Por exemplo, considere o Oriente Médio, onde o posicionamento geoestratégico e o controle sobre as reservas de petróleo pelos EUA também atuam como uma ponta de lança para a Rússia, e têm o propósito de bloquear os recursos petrolíferos destinados para a China — notavelmente do Irã.

O WikiLeaks também expôs o primeiro-ministro australiano, que disse a Hillary Clinton que a China estava "paranoica com relação a Taiwan e ao Tibete", acrescentando que "o Ocidente deveria promover uma comunidade na Ásia-Pacífico visando atenuar a influência chinesa". Mais um exemplo dos padrões dúplices do Ocidente e uma má interpretação, pois ao contrário dos EUA e da Europa, a China não tem ambições de hegemonia global. Ao contrário, a China quer continuar a ser o poder dominante na Ásia e no Pacífico, repelindo o colonialismo, a intrusão e a interferência tradicionais das potências ocidentais.

O cenário do pior pesadelo para o Ocidente — conforme observado por Samuel Huntington em sua teoria dos "Choques das Civilizações" nos anos 1990s — é se a China alcançar dois objetivos geopolíticos fundamentais com os quais está progredindo lenta, porém seguramente: (1) Firmar vínculos maiores de cooperação e acordos com a Rússia e com a Índia no continente asiático; (2) negociar uma maior cooperação e superar a desconfiança do passado nas relações com o Japão. Se o Japão e a China concordarem em uma estratégia geopolítica comum, como a França e a Alemanha fizeram após à Segunda Guerra Mundial (o que levou à criação da União Europeia), então toda a locomotiva que é a região da Ásia-Pacífico, com dois terços da população mundial, estaria livre da interferência e do controle ocidentais. Imagine um casamento entre a tecnologia de ponta do Japão com os recursos e mão-de-obra da China!

Cinco Tipos de Guerras

Quando o Relatório da Montanha de Ferro foi escrito nos anos 1960s, seus autores chegaram a discutir se substitutos poderiam ser desenvolvidos para a guerra mas — infelizmente — concluíram que a guerra teria de ser mantida, e até aprimorada em sua eficácia. Entretanto, a guerra poderia assumir características mais sutis. As recomendações do Relatório incluíram:
  • 1. Um gigantesco programa de pesquisa espacial, cujo objetivo fosse em grande parte impossível de alcançar (um imenso investimento que requereria um orçamento capaz de alimentar a economia). 
  • 2. Inventar um novo inimigo não humano: a ameaça potencial de uma civilização extraterrestre.
  • 3. Criar uma nova ameaça para a humanidade: por exemplo, a poluição. 
  • 4. Implementar novos modos de limitar o crescimento demográfico: acrescentar substâncias químicas nos alimentos e na água. 
  • 5. Criar inimigos alternativos fictícios. 
Quase meio século mais tarde, algumas dessas recomendações foram realizadas (por exemplo, um programa espacial com objetivos civis e militares), outros estão em andamento ou em fase de elaboração (pontos 3 e 4 e, se a máquina de Operações Psicológicas da indústria do cinema em Hollywood é uma indicação, o número 2 sem dúvida está em curso); mas o item 5 é um ponto-chave real: "Criar inimigos alternativos fictícios" — vimos vários desses nos anos recentes, como o Iraque, Afeganistão, Sérvia, Líbia, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, o terrorismo islâmico e, mais recentemente, o Irã e a Síria.

O tremendo desafio que está diante da humanidade é que os EUA estão cada vez mais recorrendo à guerra dissimulada, clandestina e tecnológica, em vez de invasões diretas, pois as imagens do Vietnã, do Iraque e do Afeganistão causam repercussões negativas quando são exibidas nos telejornais à noite...

Assim, existem basicamente cinco tipos de guerras que estão sendo usadas pelos Mestres do Poder Global por meio de seus procuradores EUA/Grã-Bretanha/OTAN, cada uma caracterizada por Guerra Psicológica e complexidade estratégica/logística:

Invasão Militar — Claramente visível, muito territorial e usando força militar massacrante, além de poderio econômico. Como a Doutrina Colin Powell dos anos 1990s recomenda, "Os EUA somente devem lutar contra inimigos externos quando o poder militar norte-americano for tão superior que a vitória seja garantida." Pode alguém imaginar uma doutrina mais cruel a ser seguida por uma grande potência? Operadores militares realizam covardes bombardeios no outro lado do mundo, usando um joystick e um monitor de computador a partir de uma instalação militar protegida.

Golpe Militar — Identificar elementos dissidentes e desleais dentro das forças armadas do país-alvo, incitando-os a derrubar as autoridades legais e apoiando-os com armas, dinheiro, cobertura "positiva" na mídia local e global, e suporte diplomático. Um método favorito usado contra a América Latina nos anos 1950s, 1960s e 1970s, e ainda usado aqui e ali, como por exemplo no Egito.

Golpe Financeiro — Consiste em primeiro levar o país a uma situação de atoleiro com sua "dívida soberana" impagável junto aos poderosos bancos internacionais. Em seguida, quando o país-alvo não conseguir mais honrar o pagamento dos juros da dívida, os "banquêsteres" enviam suas sanguessugas do FMI e do Banco Mundial, apoiados pela mídia global e pelas agências de classificação de risco. Eles produzem programas de austeridade econômica e social e um colapso financeiro e monetário, que provocam agitações sociais generalizadas, desse modo justificando as mudanças de regime. Em toda a América Latina eles aperfeiçoaram o "Modelo da Dívida Soberana" que agora está sendo usado contra a Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e — em breve — contra a Grã-Bretanha e os EUA.

Golpe Social — Consiste em financiar ativistas políticos para provocarem mudança controlada do regime no país-alvo. Aqui, as embaixadas locais dos EUA/Grã-Bretanha/Israel apoiam todos os tipos de grupos dissidentes, dando-lhes amplo financiamento e cobertura na mídia, mais a logística para provocar constantes agitações nas ruas, que terminam se unindo em torno de algum partido político ou movimento simpático aos EUA. Nos anos 1980s, eles usaram os chamados "Movimentos dos Direitos Humanos" na América Latina, dos quais as Madres da Plaza de Mayo, na Argentina, foram um caso bem-conhecido.

Guerra Civil Fabricada — Consiste em financiar, armar e apoiar grupos de "oposição" militarizados contra o governo vigente de um país-alvo. Normalmente, um "Movimento de Libertação Nacional", ou algum tipo de "Conselho" é criado, como na Líbia, Egito, Síria e em outros lugares, em torno do qual, outros grupos militantes, valentões e máfias locais podem gravitar. Aqui, fachadas da CIA americana, do MI6 britânico e do Mossad israelense exercem um papel-chave e, nos casos da Líbia e da Síria, criações da CIA, como a Al-Qaeda, também exercem um papel fundamental como "combatentes da liberdade". No Oriente Médio, eles chamaram isto de "Primavera Árabe", apresentando-a para a opinião pública global como uma luta espontânea, genuína e legítima das populações locais pela liberdade contra regimes alegadamente repressivos e autoritários.

Assim, conflitos locais prontos para explodir são utilizados contra regimes que estão no poder há muito tempo (como no Egito e na Líbia) e para explorar as divisões religiosas (xiitas contra sunitas). Não é surpresa saber que Bassma Kodmani, "membro do poder executivo e chefe das Relações Exteriores" no Conselho Nacional Sírio, participou da Conferência Bilderberg em junho deste ano, na Virgínia, EUA.

Nos últimos meses, tenho advertido sobre o aparecimento de uma "Primavera Latino-Americana", que se aproveita dos graves problemas sociais e políticos em toda a América Latina e que refletem o imenso abismo que existe entre os muitos ricos e os muito pobres. Normalmente, os ricos são muito alinhados com os EUA e os pobres têm líderes que ingenuamente apontam para a "exploração das multinacionais" como se elas fossem as únicas culpadas, deixando de considerar os fatores políticos e sociais realmente fundamentais.

Os sinais dessa vindoura "Primavera Latino-Americana" podem ser vistos no golpe recente orquestrado pela Monsanto no Paraguai, a fraude eleitoral com a compra de votos no México, e a crescente militarização americana na Colômbia e em outros países na região.

Frequentemente, esses tipos de guerra iniciam em um nível inferior — digamos, um golpe social — e então crescem e se transformam em um modo de insurreição de guerra civil total, se isso servir para os objetivos dos Mestres do Poder Global. A Líbia, a Síria e o Egito são exemplos disso.

O Que, Por Que, Quando e Onde

O que, então exatamente tudo isto significa? Basicamente, podemos ver que esse caos criado pelos Mestres do Poder Global, embora caótico em nível local em países e regiões específicos, realmente aponta para "uma nova ordem internacional" em uma escala global.

A parte do "caos" é utilizada para destruir países inteiros, especialmente aqueles que conseguiram até aqui preservar sua soberania nacional de uma forma ou de outra. Esta é uma característica-chave compartilhada por todos os "países delinquentes" atacados — Líbia, Iraque, Sérvia — antes de eles terem sido invadidos. O mesmo se aplica para os alvos atuais, como Síria, Irã, Cuba, Venezuela, Coreia do Norte e Equador. Quanto mais os Estados soberanos puderem ser enfraquecidos, melhor para os globalistas, que, afinal, querem basicamente arrastar todos os países para um único Estado global no estilo comunista, sob o total controle deles.

Todas essas "primaveras" árabes e latinas, invasões, zonas de exclusão aérea, sanções, toda essa retórica de "países delinquentes", são exercícios de limpeza de terreno destinados a posicionar as potências ocidentais e seus aliados para o assalto final contra a Ásia, o que significa guerra contra a Rússia e a China.

Logicamente, essa guerra será uma enorme contradição da Doutrina Powell. A China e a Rússia são muito poderosas, de modo que mexer com elas implica em grandes riscos. Se — O Altíssimo nos livre! — houver uma guerra entre China ou Rússia e o Ocidente que arraste outras potências como Índia, Paquistão e Brasil, espera-se que não ocorra tão cedo. Entretanto, isto é o que está previsto para depois de 2020. As preliminares estão sendo jogadas agora em diferentes pontos sensíveis do mundo.

Por que tudo isto está sendo feito? Talvez a excessiva expansão imperial e o dólar superinflacionado, que salvou os Banqueiros Que Detêm o Poder do Dinheiro (não fale isto alto demais!), tenham colocado as Elites Ocidentais em um beco sem saída, de forma irreversível e insustentável.

É como no jogo de xadrez: o que você faz quando os lances possíveis na posição não o livram do xeque-mate do adversário? Bem, basicamente você tem duas opções: (1) admite a derrota ou (2) derruba o tabuleiro no chão e... vai procurar sua arma.

domingo, julho 27, 2014

Os Rothschilds dominam Israel

Dominam e dirigem sua política de genocídio.



Os Rothschilds possuem 80% de Israel, de acordo com Simon Schama. Eles construíram a Suprema Corte israelense. Eles são donos Reuters e a Associated Press (AP), as duas maiores agências de mídia do mundo.

Eles têm uma participação controladora na companhia petrolífera Royal Dutch, o Banco da Inglaterra e o LBMA (London Bullion Market Association). Eles alimentam as guerras, instalam presidentes, destronam reis e nações falidas, tal é o seu poder.

Os Rothschilds normalmente operam nos bastidores. No caso de Israel, os Rothschilds engenharam a 1ª guerra mundial e esperaram até 1917, quando a Grã-Bretanha estava em apuros. Os Rothschilds, em seguida, prometeram ao governo britânico que eles poderiam fazer os EUA entrarem na Primeira Guerra Mundial (ao lado da Grã-Bretanha) e, assim, garantir a vitória da Grã-Bretanha contra a Alemanha e aliados. No entanto, eles queriam algo em troca: a Palestina. Assim, a Declaração de Balfour foi criada, que é uma carta oficial do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo britânico James Balfour ao Barão Rothschild. Ele afirma que: "O governo de Sua Majestade vê com favorecimento o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e vai usar seus melhores esforços para facilitar a realização deste objetivo."

Há um grande problema com isso. A Palestina nunca foi da Grã-Bretanha para dar de presente. Ela pertence por direito aos povos árabes e palestinos que vivem lá. Os Rothschild sionistas judeus vieram, tomaram o poder e à força evacuaram e mataram milhões de palestinos que viviam ali. Eles ainda estão cometendo genocídio até hoje. A criação do estado sionista de Israel foi maciçamente injusto por direito desde o início. Algo concebido em iniquidade gera conflito. Não é exagero dizer que a fundação de Israel em si pode ser o precursor para a Terceira Guerra Mundial.

A Israel sionista controla os governos dos EUA, da Grã-Bretanha, Canadá, França e muito mais - e os Rothschilds controlam Israel.

sábado, abril 19, 2014

Bradley Manning: a verdade sobre a guerra

“Nessa semana o vimos de novo na televisão, durante seu julgamento. Acusado de 21 crimes diferentes ele foi condenado a 136 anos de prisão. Seus crimes se resumem num só: ele revelou a verdade sobre a guerra. Ele tirou o véu da mentira, colocou à nu a podridão, o terrorismo, o assassinato frio de homens, mulheres e crianças, gente civil.”


Sempre fui renitente com os estadunidenses. Aquela coisa do preconceito que a gente vai madurando dentro da gente e que, por vezes, torna-se cristalizado e burro. Então comecei a ler os livros de Gore Vidal e vi que por lá havia vida inteligente. Mais tarde conheci Howard Zinn e, obviamente, constatei que a história desse povo também é cheia de beleza e de gente comprometida com a vida, com a verdade, com o bem de todos. Não dá para confundir o governo e a elite podre com as pessoas de bem, que assomam em milhares.

Uma dessas tem me causado tristeza e ternura nos últimos dias. O bravo soldado Bradley Manning. Sua carinha de menino, ainda cheia de espinhas, caminhando entre os guardas, com o semblante imutável, definitivamente certo de que fez o que tinha de fazer. Esse garoto era um analista de inteligência lotado no batalhão de suporte da 2ª Brigada da 10ª Divisão da Estação de Operação de Contingência, durante a Guerra dos EUA contra o Iraque. Mais um desses meninos que são obrigados a servir num país distante, travando uma guerra que não é deles, em nome de interesses escusos.

E tal como outros tantos soldados metidos nessas guerras estúpidas, Bradley viu coisas que não pode suportar. Todas essas denúncias que são feitas de terror, assassinatos, estupros, violências, torturas. Tudo isso passou por ele nos dados que manipulava no computador. Premido pela consciência ele decidiu divulgar os horrores que eram praticados pelos soldados no Iraque. Seu desejo era singelo: coibir os abusos. Como qualquer estadunidense comum ele acredita em quase todas as histórias de “mundo livre”, “democracia perfeita” e todas essas ideologias que o governo martela todos os dias através dos meios de comunicação e outras correias de transmissão. Ele sente orgulho em pertencer à armada de seu país. Por isso era confuso ver o que via. Aquelas imagens que observava no computador não fechavam com o ideal de mundo perfeito que tinha na cabeça. 

E foi por conta desse soldado que o mundo pode ver imagens duras como a da morte de uma dezena de civis, promovida sem qualquer pudor desde um helicóptero. E outras tantas atrocidades que apareceram no sítio da Wikileaks. Pois tudo o que Bradley queria é que esse terror tivesse fim. Na sua ingenuidade, talvez, ele acreditou que o desvelamento da verdade sobre o que acontecia no Iraque pudesse parar a máquina da morte. 

Pois o jovem soldado não sobreviveu à traição. Um informante que investigava o caso dos vazamentos de informação conseguiu descobrir que era Bradley a pessoa que havia desviado os documentos e o entregou às autoridades estadunidenses. Ao contrário de Julian Assange ou Edward Snowden, Bradley não teve para onde fugir. Foi preso e ficou confinado em condições de detenção desumanas. Foi apresentado à nação como um traidor. Virou o inimigo número um dos EUA. O “mundo livre” não podia deixar barato o fato de ter tido sua máscara arrancada por um quase guri. Assim, durante sua prisão, desde 2010, Bradley provou daquilo que via seus companheiros fazerem com os “inimigos”. Foi submetido a tratamento desumano. Segundo seu advogado, David, Coombs, Bradley permanecia trancado, sozinho, na cela, sem que tivesse roupas de cama, ou qualquer outro objeto pessoal. Até seus óculos foram retirados. Tudo o que podia fazer era caminhar em círculos dentro da cela vazia. Durante a noite, era obrigado a tirar toda a roupa e entregar aos guardas. Dormia apenas com a cueca. Uma suprema humilhação que visava destruir sua autoestima e seu desejo de viver.

Nessa semana o vimos de novo na televisão, durante seu julgamento. Acusado de 21 crimes diferentes ele foi condenado a 136 anos de prisão. Seus crimes se resumem num só: ele revelou a verdade sobre a guerra. Ele tirou o véu da mentira, colocou à nu a podridão, o terrorismo, o assassinato frio de homens, mulheres e crianças, gente civil. 

E ali estava ele, agora com 25 anos, sereno, ao ouvir a sentença. Talvez, dentro do coração, ainda esteja cheio de perplexidade, porque tudo o que queria era provocar o debate sobre o horror de uma guerra e os excessos cometidos por seus companheiros. Bradley, ao contrário do que dizem seus acusadores, queria salvar o seu “mundo livre”, limpá-lo das manchas. Um garoto ingênuo e sonhador. Cometeu o terrível erro de tentar salvar seu país. Deveria ser carregado nos braços como um herói pelo seu povo. Deveria ser reverenciado por outros tantos jovens que, como ele, partem para os confins da terra lutando em guerras que nem entendem. 

Bradley Manning nos deu as provas da verdade tão denunciada. Agora vai pagar por isso, na solidão, certamente submetido a toda sorte de humilhações. 

Por conta disso se articulam em todo mundo comitês de apoio ao soldado que pedem a sua libertação. É que as pessoas que lutam por um mundo justo sabem que esse é um dever. Bradley arriscou tudo para nos dar a verdade. Agora é hora de retribuir esse doloroso presente.

quinta-feira, setembro 19, 2013

Matar, sim, mas de uma forma convencional!


Uma forma curiosa de matar é a chamada forma "convencional". Matar, sim, mas dizem as convenções, tem de ser feito de uma foram convencional. Nada de armas químicas, tem de ser uma bomba mesmo a sério.

Outra coisa curiosa é que não se pode matar populações civis, como se os soldados não fossem gente.

Perante isto, ao longo dos tempos as formas de matar foram-se alterando. Num dado contexto tudo é permitido, noutro só se pode matar certas pessoas de uma certa forma. Essas alterações têm permitido certas barbáries em detrimento doutras.

Esse contexto ajuda-nos a aceitar o que é permitido ou não, tudo em nome da matança.

Porquê priviligiar "as mulheres e as crianças". Uma morte não deixa de ser uma morte. A morte de um soldado, muitas vezes obrigado a lutar por uma causa que não entende, não deixa de ser uma morte.

A morte de um qualquer ser nunca poderá ser banalizada, porque essa morte representa a morte de um ser único, com toda a sua história, com toda a sua vivência única. Essa morte representa a nossa própria morte.

Falar de mortes "admissíveis" representa a nossa própria morte. Nenhuma morte é admissível, seja criança, mulher ou soldado. Nenhuma morte é convencional.

quarta-feira, setembro 18, 2013

As dez empresas que mais lucram com as guerras

Desde 2002, as vendas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo.


O Instituto de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI) resume no seu anuário de 2013 as vendas mundiais de armas e serviços militares das cem maiores empresas de armamento e equipamento bélico para o ano de 2011. As vendas destas empresas atingiram 465 bilhões de dólares em 2011, contra 411 bilhões em 2010, o que representa um aumento de 14%.

Desde 2002, as vendas dessas empresas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo.

Destas cem empresas que o anuário do SIPRI analisa, as dez primeiras tiveram vendas de 233 bilhões de dólares, isto é, cerca de 50% do total alcançado pelas Top Cem. Nenhum setor econômico cresceu tanto como a indústria de armamento, o que dá conta de um entusiasmo sem lógica pelas guerras.

Já temos assinalado os perigos que envolvem o lucrativo negócio da guerra e o detalhado relatório do instituto sueco, confirmando as nossas suspeitas. Este instituto deveria pedir contas a essa Academia, também sueca, que outorga o Nobel da Paz, sobretudo por entregar o prêmio a alguém que valida o orwelliano mundo de que a guerra é a paz.

Um mundo demencial

Se há algo demencial e irracional no fato das fábricas de armamento terem mais lucros que qualquer outro setor industrial, também é de insanidade profunda que isso não seja informado publicamente. As fábricas de armamento, de origem privada, absorvem parte importante dos orçamentos públicos. Ou seja, é o contribuinte, uma vez mais, o principal financiador dos senhores da guerra.

Uma despesa que só com as cem primeiras chega a meio bilhão de dólares anuais. E agora que está na moda a tecnologia dos drones (aviões não tripulados) não é de estranhar que sete das dez primeiras empresas operem no espaço aéreo. Muito menos é de estranhar que destas cem empresas, 47 sejam dos Estados Unidos.

As empresas estadunidenses garantem cerca de 60% das vendas totais de armamento que essas top cem produzem. Daí a correlação entre a dívida pública e a despesa militar que estabelecemos para alguns anos, para compreender o problema da dívida pública dos Estados Unidos.

Estas são as dez primeiras empresas da lista no ranking 2011 (os dados entre parênteses correspondem ao ranking 2010):

(1). Lockheed Martin (EUA) Mísseis, eletrônica e espaço aéreo. Vendas de 36 bilhões dólares em 2011. Lucros líquidos: 2,655 bilhões de dólares. 123.000 empregados (132.000).
(2). Boeing (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, espaço aéreo. Vendas de 31,8 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 4,018 bilhões de dólares. 171.700 empregados (160.500).
(3). BAE Systems (Reino Unido) Aviões, artilharia, mísseis, veículos militares, naves. Vendas de 29,15 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 2,3 bilhões de dólares. 93.500 empregados (98.200).
(4). General Dynamics (EUA) Artilharia, eletrônica. Vendas de 23,7 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 2.5 bilhões de dólares, 95.100 empregados (90.000).
(5). Raytheon (EUA) Mísseis, eletrônica. Vendas de 22,4 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 1.8 bilhões de dólares. 71.00 empregados (72.400).
(6). Northrop Grumman (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, navios de guerra. Vendas de 21,3 bilhões. Lucros líquidos de 2,1 bilhões de dólares. 72.500 empregados (117.100).
(7). EADS (UE) Aviões, eletrônica, mísseis. Vendas de 16.3 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 1,4 bilhão de dólares. 133.120 empregados (121.690).
(8). Finmeccanica (Itália) Aviões, veículos de artilharia, mísseis. Vendas de 14,5 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 902 milhões de dólares. 70.470 empregados (75.200).
(9). L-3 Communications (EUA) Eletrônica. Vendas de 12,520 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 956 milhões de dólares. 61.000 empregados (63.000).
(10). United Technologies (EUA) Aeronaves, eletrônica, motores. Vendas de 11,6 bilhões de dólares. Lucros líquidos de 5,3 bilhões de dólares. 199.900 empregados (208.220).

Esses números confirmam que a guerra é um dos melhores negócios para alguns países, que, inclusive, põem à prova as recessões e as crises financeiras. E, apesar de terem importantes lucros, também criam desemprego.

O grande problema é que precisam se alimentar diariamente com novas guerras, por isso há que as inventar. Que fariam essas empresas se houvesse paz? Por isso, todas as guerras baseiam-se no engano e na manipulação das massas, como as armas químicas de destruição em massa de Saddam Hussein, que há dez anos permitiram aos Estados Unidos invadir o Iraque, perante a complacência de todo o mundo. Repetirá outra vez?
[Correio da Cidadania]

terça-feira, setembro 10, 2013

A mídia sentiu o gosto do desespero no debate sobre a Síria

Os jornalistas da Band e da Folha ficaram numa saia justa com a psicanalista síria Cloude Fahd Hajjar. Ela deu um show de conhecimento, mostrando a outra face que a mídia dos senhores do mundo nem ousa lhes dizer sobre.

Deixando a mídia desesperada: Convidada denuncia os Bilderbergs e o sistema de dominação global em debate na TV.

Como deixar um canal de TV desesperado?
Simples... denuncie seus patrões...


A convidada do programa Canal Livre, deste último domingo (09/09), rasgou o verbo e denunciou os falsos rebeldes mercenários, que não são sírios... Denunciou os Bilderbergs... O velho Boris sionista quase teve um infarte... Abaixo, depois do texto, assista o vídeo...
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Pra quem perdeu o programa Canal Livre de, 09/09/2013, o debate foi sobre  os conflitos na Síria.

Os convidados são a psicanalista libanesa Claude Fahd Hajjar, pesquisadora de temas árabes e autora do livro “Imigração Árabe – Cem Anos de Reflexão”, e Jaime Spitzcovsky, que já foi editor internacional e correspondente em Moscou e Pequim.

Hoje ele escreve para a revista Morashá e ocupa o cargo de diretor de relações institucionais da Confederação Israelita do Brasil.

Ainda no primeiro bloco a pesquisadora Claude falou claramente que os conflitos na Síria envolvem o Grupo Bilderbeg e os planos de dominação mundial (por volta dos 10 minutos).

Por possuir família na Síria os relatos são relevantes pra entendermos a real situação do país. Temos também opiniões divergentes de jornalistas da Band que, de certa forma, apóiam os EUA. Certamente Assad não é um santo mas vários fatos que a mídia oculta foram  alertados pela Claude Fahd.

terça-feira, agosto 27, 2013

Choque de Civilizações: A Tese

Uma crítica à tese do Choque de Civilizações

Em 1993, procurando fornecer um “paradigma para o exame da política mundial que tenha significado para os estudiosos e seja de utilidade para os formuladores de política”, Samuel P. Huntington publica, na revista Foreign Affairs, o provocativo ensaio The Clash of Civilizations? Como o tema gera uma série de debates, o ensaio transforma-se, em 1996, no livro O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial.

Este professor de Harvard propõe que, no mundo pós-Guerra Fria, “as distinções mais importantes entre os povos não são ideológicas, políticas ou econômicas. Elas são culturais” . Partindo do pressuposto de que os valores das sociedades contemporâneas refletem a herança deixada pelas civilizações, Huntington conclui que estas diferenças culturais levarão as nações a conflitos étnico-religiosos.

Queremos mostrar que pensar em civilizações como entidades monolíticas e fechadas compromete o modelo do choque de civilizações e o inutiliza para explicar as movimentações geopolíticas mais importantes da atualidade. Sem ignorarmos a importância dos fatores culturais para a formação de identidades, rejeitamos o determinismo de um enfoque que ignora as complexas relações inter e intra-civilizacionais em um mundo transformado pelas tecnologias da computação e comunicação e pela reestruturação capitalista que gerou a globalização.

Também gostaríamos de alertar para o perigo de uma “lente paradigmática” que tenta moldar, utilizando-se de uma “simplificação necessária” das complexidades da realidade social, o pensamento sobre a política mundial. Tal pretensão, caracterizada como ideologia, pode levar a uma visão totalitária do mundo. Cremos ainda que há um racismo implícito nas duas contraposições principais feitas por Huntington: o Ocidente versus o resto e o mundo islâmico versus as sociedades não-mulçumanas.

Da contenção ao choque

Ao término da II Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética conquistaram posições hegemônicas nas regiões antes disputadas pelas nações européias. O esgotamento (econômico, militar, social e até mesmo moral) de Inglaterra, França e Alemanha abre espaço para que os dois grandes vencedores alterem o equilíbrio das forças mundiais: do quadro multipolar onde diversos Estados-nação travam suas batalhas geopolíticas passa-se para a bipolaridade, para um mundo dominado por duas super-potências. 

Os Estados Unidos adotam ações de contenção das forças comunistas como modelo para sua política externa, um paradigma desenvolvido pela primeira vez por George Kennan em 1947, em um ensaio para a Foreign Affairs. A política de contenção dura até a falência da União Soviética.

Há então um primeiro momento de euforia entre os “vencedores” da Guerra Fria: Francis Fukuyama declara que a Humanidade atingiu seu estágio final de evolução ideológica com a “universalização da democracia liberal ocidental como forma de governo humano”. Outras idéias surgem. Huntington cita (e refuta, como faz com o mundo harmônico de Fukuyama) os paradigmas “Dois Mundos: Nós e Eles” (o planeta dividido em pobres e ricos); “184 Estados, mais ou Menos” (que defende que o relacionamento entre os Estados é anárquico); e o “Puro caos” (quadro em que o Estado-nação perde sua soberania e o mundo mergulha em conflitos tribais, étnicos e religiosos sem uma regra precisa para explicá-los). 

O desafio é definir um modelo geopolítico quando não existe “um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas”, quando “ (...) a soberania toma nova forma, composta de uma série de organismos nacionais e supranacionais, unidos por uma lógica ou regra única”. O poder em um mundo globalizado e transformado pela tecnologia da informação está diluído em um novo espaço de fluxos, levando a economia a um novo embate com a política. Temos uma realidade na qual as formas conhecidas de soberania e os “países são disciplinados por uma multidão eletrônica de investidores que controlam o acesso ao capital numa economia globalizada”.

Samuel P. Huntington
No entanto, mesmo considerando que a globalização nos leve à decadência total do Estado-nação e que a humanidade se relacione de uma maneira totalmente nova ao fim do processo, isso é algo ainda distante, se é que possível. Ou, como diz Nye, “a geoeconomia não substitui a geopolítica, por mais vagos que sejam os limites que as separam neste início de século”.

Isto fica claro quando lembramos que enquanto o avanço dos fluxos de capital nas redes financeiro internacionais homogeneíza o discurso tecnocrático sem considerar as peculiaridades de cada Estado-nação, os Estados Unidos passam a ocupar de maneira unipolar o vácuo político e militar deixado pela falência soviética. Relacionando a importância da economia norte-americana para o espaço de fluxos com o exercício pleno do poder inerente a uma superpotência sem adversários à altura, temos que o Ocidente é a “única civilização que tem interesses substanciais em todas as outras civilizações ou regiões e tem a capacidade de afetar a política, a economia e a segurança de todas as outras civilizações ou regiões”.

É quase natural a pretensão ocidental de tornar-se uma civilização universal. De querer controlar esta multipolaridade dos fluxos financeiro e informacional para combiná-la com a unipolaridade dos poderes militar, político, econômico e cultural tradicionais. Uma unimultipolaridade que mantenha o poder ocidental neste novo mundo fragmentado e no qual as identidades criadas em torno de ideologias políticas européias (como o comunismo e o capitalismo) não mais respondem aos anseios das comunidades humanas e são substituídas, segundo a teoria do choque de civilizações, por valores “indígenas”, por características étnicas e religiosas de cada tribo.

Mas Huntington chega também à conclusão de que o Ocidente está em declínio. As “mudanças graduais, inexoráveis e fundamentais também estão ocorrendo nos equilíbrios de poder entre as civilizações e o poder do ocidente em relação ao das outras civilizações” irá declinar. E ele lista as mudanças que irão acabar com o a predominância do poder ocidental: o desenvolvimento dos povos não-ocidentais (que estão ficando mais saudáveis, mais urbanizados e mais instruídos), a redistribuição do produto econômico mundial (decorrente da globalização e da disseminação das novas tecnologias) e o aumento dos efetivos militares das outras civilizações.

Para manter o poder norte-americano nesta nova sociedade em rede, a “lente paradigmática” de Huntington abandona a perspectiva marxista da luta de classes (o que não surpreende em um autor norte-americano da escola realista), preferindo guiar-se pela ótica weberiana (ou, ao menos, o que é entendido como tal pelo autor) na qual a cultura é o determinante. Assim, amplia o conceito de Estado-Nação para civilizações, delimitando as relações culturalmente e defendendo a identidade ocidental da multiculturalidade, dos valores pertencentes a outros agrupamentos raciais e étnicos. Desta maneira, pretende estabelecer um centro de poder em torno do conceito de cultura, mais subjetivo e fluido do que a fronteira territorial, adotando tradicionais conceitos geopolíticos para um mundo em que as redes informacionais limitam as ações e o poder do Estado-nação.

Isso leva Huntington a condenar a crença na universalidade da cultural ocidental, presente e determinante no processo de globalização das sociedades, denunciando-a como uma nova forma de imperialismo que pode levar o poder ocidental à exaustão. Resumindo: os “Estados Unidos não podem nem dominar o mundo nem escapar dele”. Um outro intelectual, que procura entender os novos desafios dos Estados Unidos defendendo justamente esta universalização dos valores e da cultura norte-americana, concorda com o dilema: “o paradoxo do poder americano (...) é que ele é grandioso demais para ser desafiado por qualquer outro Estado, mas não o bastante para resolver problemas como o terrorismo global e a proliferação de armas nucleares”.

Mas é na defesa dos valores que Huntington chama de ocidentais que ele encontra o caminho para a afirmação do poder norte-americano. Ou seja, em um mundo onde o tribalismo ocasiona os choques civilizacionais ao longo das linhas de fratura , dá-se uma solução tribal . Assim, não é de se estranhar que tenha sido uma ação tribal, calcada na oposição “Nós e os Outros” como formadora de identidade, a disseminar a tese do choque de civilizações. A idéia de que a civilização mulçumana estava em confronto com a ocidental ganhou amplo espaço na mídia após os atentados terroristas contras as torres gêmeas do World Trade Center.

Tamanho alvoroço levou até mesmo o próprio Huntington a contestar esta interpretação, dizendo tratar-se não de um conflito entre civilizações, mas de um ataque de um grupo contra toda a Humanidade. No entanto, o enfoque cultural/religioso tem um campo fértil em um mundo em busca de identidade e é refletido e disseminado nos discursos políticos, na cobertura jornalística e nos estudos acadêmicos.

Nós e os Outros, ou o Ocidente contra o mundo

Huntington define civilização como “o mais alto agrupamento cultural de pessoas e o mais amplo nível de identidade cultural que as pessoas têm aquém daquilo que distingue os seres humanos das demais espécies”. Usando tal conceito, distingue como principais: a sínica ou confuciana (China e comunidades chinesas do sudoeste asiático, além de Vietnã e as duas Coréias), japonesa, hindu, islâmica, ortodoxa, ocidental, latino-americana (é separada da civilização ocidental devido à incorporação de valores das civilizações indígenas e por sua cultura católica que não sofreu o efeitos da Reforma protestante) e africana (que Huntington hesita em considerar uma civilização própria ou dividi-la em islâmica – ao norte – e uma cultura européia fragmentada). Vemos que a característica principal que Huntington usa para definir as civilizações é a religião, sendo que das “cinco principais religiões, quatro – cristianismo, islamismo, hinduísmo e confuncionismo – estão associadas com civilizações principais”, ficando de fora apenas o budismo por causa de sua extrema fragmentação.

Said ironiza tal simplificação dizendo que Huntington não tem “tempo a perder com a dinâmica e a pluralidade internas de cada civilização, nem com o fato de que a disputa principal, na maioria das culturas modernas, diz respeito à definição ou interpretação de cada cultura”. Já Ali lembra que o mundo islâmico não é monolítico há mais de mil anos e que as “diferenças sociais e culturais entre mulçumanos senegaleses, indonésios, árabes e sul-asiáticos são muito maiores do que as semelhanças que eles têm com membros não-mulçumanos da mesma nacionalidade”.

Outros autores também refutam a simplificação do conceito civilizacional, já que os mulçumanos podem ser radicais ou moderados, tradicionais ou modernos, conservadores ou liberais, linha-duras ou revisionistas. E enumeram diversos fatores que distinguem as diversas nações islâmicas: “tradições históricas próprias e legados coloniais, divisões étnicas, diferentes níveis de desenvolvimento econômico e estágios do papel e do poder das religiões fundamentalistas”. Da mesma maneira, pensar que podemos reconhecer uma cultura isolada como Ocidente Cristão é simplificar demais, é esquecer os “contrastes entre a Europa mediterrânea católica e a Escandinávia protestante, assim como os aspectos sociais e denominações religiosas de cada país”.

Huntington diz que seu modelo é uma “simplificação necessária” das complexidades da realidade social e deixa bem claro a sua posição (o que não invalida as críticas acima). Ignora conscientemente as crises internas das oito civilizações por ele delimitadas para concentrar-se nas diferenças que considera profundas entre os valores centrais destas sociedades e que explicariam os diferentes estágios de desenvolvimento político e econômico dos Estados-nação.

Apesar de advertir que os alinhamentos políticos e econômicos nem sempre irão coincidir com os culturais, Huntington sustenta que a riqueza econômica e a política democrática do Ocidente são resultados muito mais de sua herança cristã do que de outras determinantes históricas. Do mesmo modo, os regimes autoritários e os fracassos econômicos dos países mulçumanos decorrem dos valores subjacentes à sua cultura islâmica, não importando o quanto possa ter influenciado a ação colonial dos países ocidentais ou a dinâmica da inserção destas economias nas redes de fluxo global.

Esquecendo-se assim dos “vínculos (...) próximos entre civilizações aparentemente em conflito”, Huntington passa a estruturar a dinâmica dos contatos inter-civilizacionais. Para ele, o relacionamento dos países com as civilizações no mundo pós-Guerra Fria se dá como Estados-membros (países plenamente identificados culturalmente com uma civilização), Estados-núcleos (estados mais poderosos e culturalmente mais importantes), países isolados (que carecem de aspectos culturais comuns com outras sociedades), países fendidos (no qual existem grandes grupos pertencentes a civilizações distintas) e países divididos (possuem uma única cultura predominante, mas que muda para uma outra civilização).

Na teoria do choque das civilizações, as duas superpotências da Guerra Fria são substituídas pelos Estados-núcleos como pólos de atração. E Huntington vai além, concordando com a teoria realista das relações internacionais que “prediz que os Estados-núcleos das civilizações não-ocidentais devem se congregar para contrabalançar o poder dominante do Ocidente”. 

Assim, parece correta a tese do choque de civilizações quando colocamos, por exemplo, o ódio fundamentalista contra os EUA em um quadro de formação de identidades reativas: se uma civilização pretende afirmar universalmente seus valores precisará enfrentar novas entidades formadas a partir da busca de valores comuns de etnia, língua, território, história e religião. Mas é preciso olhar com atenção a dinâmica de formação destas novas entidades.

Para Castells, identidade de resistência é a "criada por atores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes últimos". Difere da identidade de projeto, que é "quando os atores sociais (...) constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação de toda a estrutura social", e da identidade legitimadora, “introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais”.

Os conflitos entre comunidades diferentes não contrapõem apenas sociedades de diferentes civilizações, mas também (ou principalmente) comunidades de uma mesma civilização que compartilham alguns valores e discordam profundamente em outros. Segundo Vidal, “o governo [dos EUA] deveria pôr uma coisa em sua cabeça: que é odiado não só pelos estrangeiros cujos países destruíamos, mas também por americanos cujas vidas foram destruídas (...) Temos milhões de cidadãos americanos ressentidos, que não gostam da maneira como o país está sendo conduzido”.

Existe ainda uma reação de comunidades diferentes ao mesmo processo de globalização, comunidades que têm em comum apenas o fato de estarem reagindo ao mesmo processo de domínio, pertençam os dominadores a mesma civilização dos dominados ou não. Esta reação pode tanto ser um atentado suicida praticado por árabes, como a explosão das torres do WTC, quanto um ataque terrorista de fundamentalistas cristãos norte-americanos, como o atentado em Oklahoma City em 1995. 

Pensando as civilizações monoliticamente, Huntington coloca os valores centrais do Ocidente em conflito com valores culturais de em outras sociedades levando as nações a conflitos étnico-religiosos. Não há espaço para distensões internas.

Os valores ocidentais, ideologia e o fantasma de Gobineau

Características culturais podem facilitar a adoção de determinados conceitos políticos ou colocar alguns países em posição de vantagem em determinada dinâmica econômica. Castells, por exemplo, diz que a tradicional estrutura em rede das corporações asiáticas foi um fator importante para o espantoso crescimento econômicos dessas economias na fase da reestruturação capitalista.

Mas isso não significa que a aceitação de novos valores esteja excluída a priori em determinada civilização ou que estas sejam blocos monolíticos livres de transformações. Muito menos que democracia, individualismo, separação da autoridade espiritual e temporal, pluralismo social e império da lei sejam conceitos aceitos apenas pela civilização ocidental.

Um estudo recente compara crenças e valores das populações mulçumanas e não-mulçumanas em 75 sociedades diferentes. É encontrado um abismo entre o Islã e o Ocidente quando o tema é a liberação sexual e o grau de igualdade entre homens e mulheres. Mas o “Ocidente e as sociedades islâmicas em geral concordam em três dos quatro indicadores de valores políticos”.

Tal concordância entre valores políticos não desautoriza completamente a tese de que estamos vivendo em uma era onde serão predominantes os choque de civilizações. Invertendo o ângulo de observação (e reformulando vários conceitos e desenvolvimentos), pode-se afirmar, como o faz Bernard Lewis – cujo Raízes da Fúria Mulçumana, de 1990, já explica as relações políticas entre os países ocidentais e islâmicos como um choque milenar de civilizações – que o conflito acontece justamente pela semelhança: “são apenas duas as civilizações que podem se dizer universais, e são a civilização cristã e a islâmica. Que se assemelham porque não são geradas por uma etnia mas com base em uma religião e porque reivindicam uma universalidade e uma exclusividade. O conflito entre a civilização cristã e a civilização islâmica não nasce de suas diferenças, mas de suas semelhanças. Quando existem duas religiões semelhantes, historicamente contemporâneas e geograficamente adjacentes que reivindicam a mesma coisa, o conflito é inevitável”. 

Sejam os conflitos marcados pelas semelhanças, sejam pelos antagonismos, a idéia de um choque civilizacional continua sendo uma adesão racional à contraposição “Nós e os Outros” estabelecida de maneira passional pela religião. E Eco nos lembra que “todas as guerras de religião que ensangüentam o mundo através dos séculos são geradas de adesões passionais a contraposições simplistas, como Nós e os Outros, bons e maus, brancos e negros”. Neste contexto, qual o significado da sistematização de preconceitos tão profundos? Podemos traçar um paralelo com a transformação do racismo popular para o racismo ideológico na Europa imperialista?

Para Said, Huntington é um “ideólogo – alguém que quer transformar "civilizações" e "identidades" em algo que elas não são”. Mas a palavra ideologia tem uma gama de significados diferentes. Bobbio, por exemplo, chama de significado fraco da ideologia o “sistema de crenças políticas, um conjunto de idéias e de valores respeitantes à ordem pública e tendo como função orientar os comportamentos políticos coletivos”. Já Arendt diz que “(...) a ideologia difere da simples opinião na medida em que se pretende detentora da chave da história, e em que julga poder apresentar a solução dos “enigmas do universo” e dominar o conhecimento íntimo das leias universais “ocultas”, que supostamente regem a natureza e o homem”. 

A teoria do choque de civilizações tem a pretensão de orientar comportamentos políticos, de fornecer um paradigma para o exame da política mundial. Supera o “status” de opinião ao rejeitar outros elementos da realidade histórica, entre eles a própria ideologia.

E faz isso traduzindo a realidade em um conflito, reduzindo a realidade a uma dicotomia. Lembremos que “poucas ideologias granjearam suficiente proeminência para sobreviver à dura concorrência da persuasão racional. Somente duas sobressaíram-se e praticamente derrotaram todas as outras: a ideologia que interpreta a história como uma luta econômica de classes, e a que interpreta a história como uma luta natural entre raças”.

Huntington argumenta que civilização e raça são coisas diferentes e “povos da mesma raça podem estar profundamente divididos e povos de raças diferentes podem estar unidos pela civilização”. A distinção não se dá por aspectos raciais (como formato da cabeça ou cor da pele), mas culturais (religião, estruturas sociais). Mas esta diferença é suficiente para que a tolerância não seja subjugada por tendências totalitárias?

O conde Arthur Gobineau escreve seu Essai sur l´inégalité para procurar a força singular que regeria as civilizações em sua ascensão e seu declínio. Huntington quer fornecer “uma lenta significativa e útil através da qual se possa examinar os acontecimentos internacionais”.

Gobineau acreditava que a decadência da França no século XIX (e, por tabela, da civilização ocidental) era conseqüência da degenerência da raça, “e de que esta, ao conduzir ao declínio, é causada pela mistura de sangue”. Huntington escreve que a decadência dos Estados Unidos (e conseqüentemente da civilização ocidental) virá se houver um repúdio do “Credo” e se os multiculturalistas “promoverem outras identidades e agrupamentos raciais, étnicos e de outras culturas subnacionais”. 

Ao alertar para os perigos da diversidade e clamar pela unidade em torno das raízes européias da cultura norte-americana, Huntington nos faz lembrar a doutrina racista alemã, usada como arma de unidade interna, “vindo a transformar-se, depois, em arma para a guerra entre as nações”. Este é um resultado possível (se não provável) quando se esquece que “o parâmetro de tolerância da diversidade é certamente um dos pontos mais fortes e menos discutíveis, e nós julgamos madura a nossa sociedade porque sabemos tolerar a diversidade”.

Ao terminar O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, Huntington parece dar-se conta disso. Escreve que “o futuro da paz e o futuro da Civilização dependem da compreensão e da cooperação entre os líderes políticos, espirituais e intelectuais das principais civilizações do mundo”. A esperança é que seja esta a mensagem e não a simplificação danosa da contraposição cultural que permaneça. Infelizmente, não podemos esquecer que “a política é conduzida e apresentada no estilo elitista das visões de inteligência: desinformação, informações falsas, exagero da força e da capacidade do inimigo (...) Tudo é exageradamente simplificado ou reduzido a uma preocupante incompreensibilidade. A mensagem é simples: não há alternativa”.

Quando o choque não explica o mundo

A tese do choque civilizacional exige que admitamos a priori que a defesa dos interesses norte-americanos em países estrangeiros é uma atitude que geralmente coincide com a divulgação de valores como a democracia liberal ou império das leis. Mas como é possível falar em reação a valores culturais quando se sabe que desde 1947 os EUA lançaram “(...) mais de 250 ataques militares contra outros países, sem provocação anterior”? Quais valores culturais estão em jogo quando há o massacre de populações civis como estratégia de guerra?

O fundamentalismo islâmico

A lógica de Huntington não explica a guerra internacional contra o terrorismo iniciada como resposta aos ataques de 11 de setembro. Pela teoria do choque de civilizações, o Ocidente marcharia unido contra o Islã fundamentalista. Mas, após um ano depois dos atentados ao World Trade Center, a solidariedade européia aos EUA já era bem menor, “na medida em que as imagens das torres gêmeas desabando foram se apagando da memória coletiva”. Começa a se falar “muito menos dos EUA como vítimas e muito mais como agressores – em especial sobre George W. Bush”.

O choque de civilizações ignora que as diferenças entre o Ocidente e as nações islâmicas também refletem as visões de seus governos e elites. Dizer que “a revitalização das religiões não-ocidentais é a mais forte manifestação de antiocidentalismo (...), uma rejeição do ocidente e da cultura secular, relativista e degenerada, associada com o ocidente”, não parece suficiente para explicar porque jovens instruídos tornam-se terroristas suicidas. Para Friedman:
Esses incontíveis são jovens rapazes cheios de raiva, pois são educados com uma visão do islã como sendo a mais perfeita forma de monoteísmo, mas olham ao redor em seus países e vêem pobreza, ignorância e repressão generalizadas. E são humilhados por elas, humilhados pelo contraste com o Ocidente e pelo sentimento que isso lhes provoca, e essa humilhação – esta miséria de dignidade – direciona-os para a vingança suicida. A questão da dignidade é uma força poderosa nas relações humanas.

O próprio Huntington, um ano após publicar O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, abandona sua visão cultural-religiosa para dizer que “a ascensão do fundamentalismo religioso é produto, em primeiro lugar, dos processos de modernização social e econômica que estão ocorrendo no mundo. Esse fator gerou movimentos fundamentalistas em praticamente todas as religiões mais importantes do mundo”. Ele hoje refuta a interpretação da guerra contra o terrorismo como um conflito civilizacional.

As causas do fundamentalismo radical islâmico são mais bem explicitadas quando olhamos para as disparidades profundas entre pobres e ricos dentro das sociedades, além das perversas iniqüidades do poder político nos regimes do oriente Médio. Segundo Ali, “a ascensão da religião é explicada parcialmente pela falta de qualquer outra alternativa ao regime universal do neoliberalismo”. 

O petróleo do Iraque

Árabes sunitas, incluindo Saddam Hussein e muitos iraquianos da oposição mantida pelos americanos, não somam mais do que 16% da população iraquiana; eles dominam o Iraque central assim como o sul de Bagdá. Os curdos étnicos, que também são mulçumanos sunitas, estão concentrados nas montanhas do norte. Mas cerca de dois terços dos iraquianos são mulçumanos xiitas, e eles habitam os bairros miseráveis de Bagdá assim como o sul do Iraque. Diferentemente dos curdos e outros na zona de exclusão aérea ao norte, que recebem uma grande parte das vendas de petróleo administradas pelo programa das Nações Unidas de petróleo por comida, os iraquianos na vasta zona sudoeste têm sofrido privações em uma década de sanções. Saddam Hussein, naturalmente, está inteiramente disposto a deixá-los sofrer.

Imaginar civilizações em conflitos não ajuda a entender a estrutura social iraquiana. Quais valores estão em conflito: os ocidentais contra os islâmicos ou os sunitas contra os xiitas e contra os curdos? Qual conflito melhor explica o que acontece com a população iraquiana? Conflitos de valores também deveriam provocar reações anti-ocidentais nas ruas de Bagdá:

A primeira e mais chamativa experiência para os visitantes dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, os dois países que lideram a campanha para o Iraque permitir inspeções livres de armas ou enfrentar um ataque militar, é que os iraquianos permanecem extraordinariamente amistosos. (Há poucas exceções, principalmente entre autoridades do governo e oficiais do exército, os que se sentem mais ameaçados).

Além disso, por que não acreditar que xiitas, curdos sunitas estariam propensos a festejar da mesma maneira que os habitantes de Kandahar ou Cabul a queda de um regime sanguinário? A resposta fica mais clara se procuramos entender a guerra contra o Iraque não como um confronto com os valores ocidentais, mas como um jogo geopolítico e econômico.

Se os Estados Unidos tiverem acesso pleno às reservas iraquianas, isso pode significar o fim do domínio da Arábia Saudita no mercado internacional de petróleo e até mesmo o fim da OPEP. É uma conta arriscada e de valores altíssimos: “a guerra deve mobilizar mais de 100 mil soldados e custará de US$ 100 bilhões a US$ 200 bilhões (...) Depois, será preciso manter 50 mil soldados no país, a um custo da ordem de US$ 18 bilhões por ano, talvez por décadas. Em troca [Bush] poderá deter também por décadas o controle da produção e do preço do petróleo no mundo”. Deve-se incluir aí também os massivos investimentos que o Iraque precisará das indústrias ocidentais para reestruturar a sua produção petrolífera e a nova amizade de Bush com Putin, uma importante mudança na geopolítica energética. Para completar, a diferença do tratamento dado à Coréia do Norte nos levar a duvidar que a única preocupação do governo norte-americano seja a questão das armas nucleares.

A Bósnia e outros conflitos

Temos então que o ataque terrorista de 11 de setembro não deve ser visto com as lentes do choque civilizacional – conseqüentemente, excluímos também a possibilidade deste modelo explicar a guerra no Afeganistão. E é igualmente complicado encaixar a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque na categoria do conflito de civilizações. Ou seja, os dois maiores conflitos da última década (que mais receberam a atenção da mídia) não podem ser explicados pelo modelo de Huntignton.

Nos últimos 15 anos, apenas um outro conflito ocupou tanto a mídia e os intelectuais: a guerra da Bósnia. Aqui parece que a teoria funciona como um relógio, tanto que é citada por Huntignton para exemplificar como as diferenças culturais conduzem ao conflito. Afinal, católicos (ocidentais), ortodoxos (eslavos) e mulçumanos enfrentaram-se em um genocídio étnico medonho. Para Huntington, o “ponto crucial é que as potências estrangeiras que apoiaram os participantes nos combates o fizeram segundo critérios estritamente ligados à civilização, excetuando os EUA e seu interesse em promover uma Bósnia multiétnica, dominada pelos muçulmanos”. Mas os únicos apoios que poderiam ser chamado de civilizacionais são o russo à Sérvia e o alemão à Croácia. França e Inglaterra apoiaram a Sérvia ortodoxa: é muita exceção para ignoramos outros interesses em jogo.

O quadro geopolítico mundial fica mais claro se pensarmos que “uma grande parte dos conflitos inter-culturais hoje são resultados de uma humilhação cultural”. Assim, temos que motivos outros que não apenas os culturais ligam as engrenagens dos preconceitos e estes geram o ódio racial ou civilizacional. A diferença de valores culturais não é sempre um motivo forte o suficiente para deflagrar um conflito. O movimento indígena mexicano em Chiapas, um exemplo já clássico das lutas sociais na era da informação digital, não é uma luta contra valores ocidentais, mas contra um longo processo de marginalização. Tratar esta ou outras culturas como inferiores (como fez o primeiro ministro italiano em relação ao Islã) ou como perigosos para os nossos valores não servirá para explicar conflitos de nossos tempos – apenas acirrará este ódio.


Conclusão

Simplificar as questões geopolíticas focando as principais causas de conflito nas diferenças culturais das “sete ou oito” principais civilizações modernas não fornece a resposta esperada para entendermos a nossa complexa realidade, na qual as sociedades interagem globalmente através das redes informacionais.

O aspecto cultural continua importante, como sempre o foi. Talvez em uma época em que sociedades, nações e indivíduos buscam desesperadamente suas identidades, importe até mais do que em outros momentos da história humana. Mas isso não implica a sua centralidade e o desprezo aos aspectos econômicos, territoriais, humanos (nem sempre confessáveis) e ideológicos. Isso não apenas impede uma melhor compreensão como, como visto, pode nos trazer de volta fantasmas que imaginávamos extintos.

No início da década de 90 prometia-se um novo mundo de riquezas e prosperidade, uma humanidade finalmente unida em busca do desenvolvimento econômico e da prosperidade resultante dos avanços da ciência e da tecnologia. O modelo neoliberal, a “ideologia política de maior sucesso na história”, é hoje muito contestado e o fundamentalismo religioso “parece estar forte e influente como fonte de identidade”. Mas o resultado não é um choque civilizacional. Antes de falarmos em conflitos de valores, é preciso lembrar, como faz Eco, que “a guerra se transformou em algo tão complexo que não costuma mais chegar ao fim com uma situação de paz”. Além disso, “se, no passado, a guerra em outras partes garantia a paz no centro do império, hoje é exatamente ali que o inimigo golpeia mais facilmente”.

Neste mundo instável, é preciso ainda mais cautela ao falar em contraposições de valores, em estabelecer dicotomias simplistas. Para que o choque não seja o catalisador que foram as idéias de Gobineau para o racismo como ideologia imperialista e como arma política nazista.

Foi utilizando o racismo de forma ideológica que Hitler implantou a sua visão de Estado na Alemanha. Utilizando-se de um discurso anti-ocidental, a direita religiosa islâmica quer controlar as intuições políticas do mundo mulçumano. E ao atacar o multiculturalismo norte-americano, Huntington procura defender a cultura ocidental da miscigenação inter-civilizacional de modo a unir a população ocidental no “Credo” norte-americano. Assim, o que temos não é um choque de civilizações, mas um choque de maldades.

Reduzir a complexidade do mundo a dicotomias simplificadoras é esquecer que “o reconhecimento do pluralismo cultural requer o desenvolvimento de uma democracia avançada”, que a “democracia é também um método para o diálogo e o consenso entre grupos com interesses diversos”. Perder a capacidade de trabalhar com parâmetros diversos e contraditórios, “uma das coisas mais louváveis da cultura ocidental”, é deixar a porta aberta para a prática da violência totalitária.

A preocupação de Huntington é com a decadência do Ocidente e com a manutenção do poder norte-americano em um mundo globalizado e informacional. O irônico é ele usar justamente os conceitos de democracia e liberdade como armas, sem se importar com as conseqüências que a disseminação de sua tese traz para a democracia e a liberdade. Assim, antes de absorverem automaticamente idéias como a do choque de civilizações, políticos e mídia deveriam entender os seu significado: no jogo imperialista e totalitário, não há vitória a longo prazo.

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O Demônio está atacando o Mundo

A Palavra de Deus adverte a respeito de um tempo em que forças espirituais tenebrosas virão contra o mundo e tomarão o controle da humanidad...