A Guerra Pelo Controle Total: Planejando a Sociedade de Vigilância Máxima do "Grande Irmão"
Autor: Adrian Salbuchi
É um velho clichê dizer que a tecnologia em si mesma não é boa nem má, mas que tudo depende de como ela é utilizada. No caso das tecnologias da informação e das comunicações, e da criança-problema delas, agora fora de controle, a Internet, que tanto revolucionou o mundo, parece que estamos hoje em uma encruzilhada crítica, onde tudo parece depender de qual caminho a humanidade finalmente decidirá seguir.
Como uma aguda espada de dois fios, a Internet e as tecnologias em rápida evolução em volta dela, estão destinadas a trazerem uma nova era de iluminação intelectual, cultural e espiritual, bem-estar material e verdadeira cooperação entre as nações dispostas a resolverem os problemas globais comuns; ou podemos estar na iminência de cairmos em um abismo de absoluto controle totalitário, violência intelectual, física e espiritual, e escravidão em massa em uma escala sem precedentes.
Como solucionar este dilema? Devemos certamente iniciar compreendendo três questões fundamentais: quem realmente controla essas tecnologias, quais são seus objetivos de médio e longo prazo e por que elas estão sendo usadas como modo como estão...
O Homem Invisível
Um dos maiores perigos que enfrentamos hoje é a dificuldade em identificar e distinguir apropriadamente o amigo do inimigo: é cada vez mais difícil compreender quem — ou o que — é o inimigo ou adversário, o que significa que a vulnerabilidade-chave da sociedade deriva de sua incapacidade de identificar adequadamente os riscos, perigos e ameaças. Se você não consegue ver um perigo se aproximando, ele o atingirá de surpresa, como o sentinela no Titanic aprendeu de forma tão dolorosa naquela fatídica noite de abril de 1912.
Um fator vital para a sobrevivência e prosperidade dos indivíduos, famílias, comunidades, organizações — e até nações inteiras — está em identificar corretamente os amigos e inimigos (ou pelo menos os adversários). Sempre há um "inimigo" que quer tomar aquilo que possuímos, ou quer nos colocar a seu serviço, ou pode ter uma infinidade de razões para querer de algum modo nos enfraquecer ou se livrar de nós, principalmente porque quer tomar de graça aquilo que é nosso. Alguns dirão que esta é a natureza humana básica; outros dirão que é o imperativo darwiniano da sobrevivência dos mais aptos; ainda outros reclamarão que é o egotismo criminoso do ser humano. Seja lá qual for sua visão, a verdade é que de um modo ou de outro, todos vivemos imersos no "modo de autoproteção, ou de autodefesa", que tem início a cada manhã, quando fechamos e travamos a porta de casa e saimos para a rua.
O que quero dizer é que a autoproteção ou autodefesa é fácil quando você pode identificar e compreender claramente seu inimigo: sejam ladrões nas ruas, ou potências estrangeiras interessadas em nos subjugar ou colonizar. Aqui está uma fraqueza das línguas europeias modernas, pois usamos a palavra "inimigo" com uma abrangência muito grande. Na verdade, faríamos bem em atentar para as recomendações do jurista alemão Carl Schmitt (1888-1985) que, como os antigos romanos, diferenciava entre Inimicus (isto é, seu próprio inimigo pessoal, que você pode odiar por ter feito alguma coisa má contra você, mas que é seu próprio assunto ou problema pessoal) e Hostis (isto é, um inimigo público da comunidade e do Estado, a quem você não necessariamente odeia, mas que representa uma ameaça para todos, de modo que precisa ser combatido.).
Por exemplo, duzentos anos atrás, foi fácil para as treze colônias originais da América do Norte identificarem como Hostis a coroa britânica em Londres, ou para os Vice-Reinados sul-americanos identificarem como Hostis a corte espanhola em Madri. Um inimigo comum, visível e provável torna o planejamento estratégico muito mais simples, pois sabemos quem ele é, o que quer e como atinge seus objetivos.
Entretanto, o desafio dos tempos atuais é muito maior, pois Hostis — o inimigo comum — não é mais fácil de identificar. Não podemos mais dizer simplesmente: "São os britânicos em Londres", ou "são os vermelhos", ou "são os nazistas", ou "são os japoneses". Hoje, os Hostis da humanidade se tornaram complexos demais, frequentemente sutis, o que dificulta a simples identificação por nacionalidade, credo religioso, etnia, geografia, língua ou qualquer outra característica fácil de distinguir. Os Hostis de hoje estão por toda a parte e em lugar algum, o que requer que refinemos nossa pesquisa, identificando-os mais pelos seus sinais identificadores, pegadas, seu DNA por assim dizer, do que notando-os diretamente.
Os líderes nacionais não podem mais reunir o suporte das massas populares para "lutar contra os soviéticos, ou contra os alemães, ou contra os japoneses". Uma década atrás, eles tiveram de recorrer às abstrações mais fracas como a "guerra de Bush contra o terrorismo", o que é sem sentido até que você realmente defina o que é "terrorismo". [1].
O que temos hoje é basicamente um inimigo público invisível que é muito difícil de identificar especificamente, porém os efeitos de suas ações são cada vez mais sentidos por todos. Talvez "Elite do Poder Global" seja o termo mais adequado para descrever esse inimigo global real, cujos interesses e objetivos planetários, em sua maior parte, são contrários aos interesses comuns de "Nós, o Povo" de cada país. Todavia, isto também ainda é bastante abstrato e inexpressivo.
Apesar disto, e como todos os "homens invisíveis", embora não consigamos "ver" o inimigo, podemos certamente sentir os efeitos de suas ações, e podemos, portanto, aprender a rastrear seus passos, inferir onde ele está agora, para aonde está se dirigindo e o que planeja fazer.
Nesta guerra mundial, todos os cidadãos conscientes precisam se tornar como caçadores. Lutar contra a Elite do Poder Global é muito parecido como rastrear um tigre selvagem e perigoso na floresta... Um caçador astuto e experiente não precisa na verdade ver o tigre para saber que ele está por perto; se o caçador souber como identificar e compreender determinadas marcas específicas e indicadoras do tigre, como alguns arbustos amassados nas laterais de uma trilha na floresta, um roedor morto, excrementos, marcas das garras no chão úmido, um determinado odor, ou um rugido ecoando ao longe...
Uma tarefa similar está diante de nós. Se quisermos nos tornar livres e independentes, precisamos aprender e compreender quem é o inimigo, onde ele está e quais são suas armas de guerra. Podemos certamente dizer que a pesquisa, o desenvolvimento e o controle tecnológicos são alguns de seus armamentos. Se compreendermos o inimigo, não deve ser difícil compreender o que ele fará com a tecnologia que tão "generosamente" deu à humanidade.
Colocando Sobre Si Mesmo as Correntes da Escravidão
Cerca de cem anos atrás, o líder revolucionário bolchevista Vladimir Lenin disse que os capitalistas um dia venderiam aos comunistas as cordas com as quais estes os enforcariam. Bem, não foi exatamente o que aconteceu; ao contrário, os próprios comunistas se enforcaram com as "cordas invisíveis" do capitalismo, fascinados como ficaram no fim do mundo bipolar, com o consumismo em massa do Ocidente. Uma fotografia eloquente disto, tirada imediatamente após a Queda do Muro de Berlim, em 1989, mostrava um antiquado automóvel Trabant, fabricado na Alemanha Oriental, ao lado de um possante Mercedes-Benz, fabricado na Alemanha Ocidental. Realmente, aquela foto dizia mais que mil palavras!
Vinte e dois anos mais tarde, algo similar parece estar acontecendo; entretanto, desta vez é a Elite do Poder Global que está nos deixando fascinados pelas cordas tecnológicas invisíveis com as quais milhões de pessoas estão prestes a se enforcar, em um sentido figurado, é claro. Não que todos nós estejamos fazendo isto, mas quando você olha ao redor, para o crescente controle em massa da população, o laço certamente está sendo bem ajustado em volta de nossos pescoços.
O ser humano precisa de tempo para se adaptar e lidar com as grandes transformações. Ao longo de milhares de anos de história, a mudança ocorreu de forma muito lenta, ao longo de gerações inteiras, para que com cada nova mudança, as estruturas sociais se adaptassem lentamente. Hoje, porém, com o explosivo advento das tecnologias da informação, das telecomunicações e da genética, para citar apenas algumas, estamos todos mesmerizados e desejosos de participar da Ciberesfera das Informações. Fomos persuadidos que realmente precisamos possuir os mais avançados telefones celulares, iPod, iPad, a Internet, televisão a cabo ou por satélite, iPhone e Blackberry, que potencialmente podem ser coisas boas, mas que precisam ser encarados com muita cautela. A razão é que eles representam uma espada de dois fios que pode ajudar a expandir nossa conscientização e conhecimento do mundo que está ao nosso redor, ou podem nos prender com correntes em um macrossistema que cresceu e se tornou um Leviatã, com uma capacidade imensa de controlar cada detalhe de nossas vidas.
Sou um leigo, de modo que não vou me aprofundar nos detalhes técnicos das tecnologias da informação atuais, porque outros estão muito mais qualificados do que eu para fazer isto, mas o que posso dizer é o seguinte: todas essas tecnologias não são tão inocentes quanto fomos levados a acreditar; isto é, tão "inocentes" que até crianças de 5, 6 ou 7 anos podem ser colocadas para brincar com jogos de computador e com a Internet, como se fossem meros brinquedos. Não! Essas tecnologias precisam ser encaradas com tanta cautela, cuidado e temor quanto demonstramos ao dirigirmos um carro, sabendo que exatamente como ele pode nos levar com segurança para aonde quisermos ir, se acelerarmos rápida e irrefletidamente o motor até 250 km/h, isso poderá ser fatal para nós e para os outros também.
Similarmente, esta espada de dois gumes pode servir para conquistar a Elite do Poder Global tornando-nos cientes de suas intenções e de suas terríveis consequências de médio e longo prazo, ou pode servir para eles cortarem nossas gargantas. Na verdade, o monstro Jânio de duas cabeças está equidistante entre eles e nós. Objetivamente, ou eles ganham e nós perdemos, o que significa que o mundo será governado pelas máquinas que eles controlam, ou, usamos essas tecnologias para arregimentar o poder massacrante de "Nós, o Povo" e aniquilar a Elite do Poder Global. Onde está a diferença? Na nossa conscientização.
A Elite do Poder Global sabe muito bem o que está fazendo, enquanto que a maioria das pessoas não sabe, e a Elite fará tudo o que estiver ao seu alcance para manter as coisas assim. Aqui, então, estão dois exércitos globais voltados um contra o outro. "Neste canto..." uma pequena, mas extremamente poderosa elite que controla uma máquina gigantesca para seu benefício e para nossa escravização. "Naquele canto...", massas gigantescas de pessoas, em sua maior parte incautas, que usam essa mesma máquina, mas sem compreendê-la, sem perceber para que ela realmente serve.
A tecnologia está hoje tão incorporada na sociedade que, cada vez mais, cada aspecto de nossas vidas é controlado por ela: seja o trabalho feito na Internet, Intranet, comércio eletrônico, administrar sua conta bancária, comprar uma passagem aérea e imprimir o cartão de embarque, fazer pesquisa sobre algum tema, ou apenas o entretenimento. É uma moeda da qual sistematicamente só nos é apresentado o lado da "cara", isto é, todos os benefícios, conforto e vantagens de estar conectado e on-line. "A vida é tão mais fácil agora..." Entretanto, não nos mostram o lado da "coroa", que apresenta um perigo tenebroso e que está à espreita: o Controle Total. A Ciberesfera das Informações representa uma superestrutura para o controle total contra o qual os indivíduos podem fazer pouco para escapar, a não ser que se conscientizem rapidamente.
A arma-chave usada contra todos os povos em todos os países é a Guerra Psicológica — que conseguiu: (a) incorporar dois, talvez três bilhões de indivíduos na Cibersfera das Informações, permitindo um crescente controle parcial ou total sobre eles, e (b) persuadir bilhões de indivíduos a dispostamente aceitarem isto. O restante da humanidade — os outros 3 ou 4 bilhões são "bocas inúteis", como David Rockefeller certa vez os chamou — eles simplesmente não contam, pois vivem em abjeta pobreza e não fazem parte do "mercado"; não há coisa alguma que as grandes empresas possam lhes vender. Assim, eles estão implicitamente marcados para o extermínio controlado ao longo da próxima geração por meio de guerras, doenças, fome, violência urbana, contaminação do meio ambiente, desastres "naturais" induzidos de forma artificial, ou apenas esperando que eles morram e não se reproduzam mais.
Uma rápida olhada em algumas das maravilhas tecnológicas que a Elite reservou para nós pode melhor ilustrar isto:
Observe o Que Você Diz... e Faz... (e Pensa...!)
"Romas/COIN" é um projeto militar de alta tecnologia para vigilância da população civil e de coleta de dados, apoiado por empresas norte-americanas privadas do setor de defesa (especialmente a Northrop Gruman), centros de estudos e debates e a comunidade de Inteligência civil e militar dos EUA, com capacidades eletrônicas para monitorar e analisar milhões de conversações telefônicas, classificar dados fundamentais e depois reconstrui-los para refletir padrões de comportamento específicos entre os indivíduos e grupos de pessoas, o que possibilita a previsão de seus planos futuros, localização, objetivos e ações. Isto tudo tornará a "guerra preventiva" e as "prisões preventivas" muito mais fáceis. Por enquanto, grande parte dessa vigilância em massa e "mineração" de dados visa as pessoas de língua árabe, não apenas no Oriente Médio e no norte da África, mas em todo o mundo, o que se encaixa lindamente com a infindável "guerra global contra o terrorismo".
Isto representa um salto quântico pela Elite do Poder Global, pois até recentemente esse tipo de espionagem de alta tecnologia somente podia ser feito pela NSA (Agência Nacional de Segurança), CIA, FBI, o MI6 britânico e pelo Mossad israelense (que sempre podem ser demonizados como entidades modernas do tipo Gestapo); agora, entretanto, temos nomes "amigáveis" como Apple, Google, FaceBook, Twitter, Microsoft, Pixar/Disney, PointAbout, fazendo toda a espionagem para a Elite. A rede empresarial privada é parte do laço invisível que estamos colocando em volta de nossos pescoços. O Grande Irmão está observando você...
Os países que as pessoas normalmente acreditam serem bastiões da liberdade — a Grã-Bretanha, Canadá, Austrália ou Nova Zelândia — são excelentes exemplos de vigilância completa. Faça uma caminhada pelas ruas de Londres e uma vasta e onipresente redes de milhões de câmeras estará observando cada um de seus passos, 24 horas por dia e 7 dias por semana, nos aeroportos, nas estações de trem e de Metrô, nos cruzamentos das ruas, nas lojas, no interior dos ônibus urbanos, nos centros de compras, nas estradas, parques, condomínios, edifícios públicos, escritórios privados, nas empresas de prestação de serviços, nos banheiros públicos e nos postos de pedágio... Para aonde quer que você vá em Londres, alguém está observando você... bem de perto. Naturalmente, tudo isto é feito em nome da "segurança nacional", que se tornou uma cortina de fumaça para a percepção das elites empresariais e políticas que a crescente conscientização pública representa uma real ameaça aos seus interesses.
Na Austrália, o Grande Irmão está trabalhando arduamente, o que não é surpresa, pois o país respondeu aos eventos de 11/9/2001 com um extraordinário furor legiferante. Na década após o evento, o Parlamento Australiano aprovou 54 leis antiterrorismo, 48 das quais foram aprovadas durante o governo Howard, uma média de uma nova lei antiterror a cada sete semanas.
Os números são chocantes: O professor canadense Kent Roach descobriu que "a Austrália excedeu a Grã-Bretanha, os EUA e o Canadá no número de novas leis antiterror que foram aprovadas desde 11/9/2001. A grande quantidade de novas legislações na Austrália esgotou a capacidade da oposição parlamentar e da sociedade civil de acompanhar e, mais ainda, de fazer oposição efetiva à incansável apresentação de novos projetos de leis." Tudo isto foi promovido pelo Órgão Australiano de Inteligência e Segurança (ASIO).
A legislação australiana inclui a Emenda na Legislação Sobre Serviços de Inteligência e Interceptação das Telecomunicações, a Emenda na Legislação dos Serviços de Inteligência de 2011, que fortalece e aumenta os poderes do Órgão de Inteligência e Segurança para realizar vigilância fora do país e alcançar organizações como o WikiLeaks, visando qualquer um que faça campanhas a favor de questões políticas e sociais.
"Sabemos Quem Você É..."
As novas tecnologias também poderão em breve tornar as impressões digitais uma coisa do passado. O reconhecimento vascular representa um método muito mais preciso de identificação do que as tradicionais impressões digitais, por causa de sua baixíssima taxa de erro de 0,01%. Usando a luz para penetrar o dedo de um usuário e ler os padrões dos vasos capilares, que são únicos em cada indivíduo e considerados impossíveis de serem replicados, este método impede a falsificação, pois as estruturas vasculares mudam após a morte, o que significa que dedos cortados não poderão ser usados para enganar os escâneres de leitura.
Em seguida, há o reconhecimento facial. A empresa japonesa Toshiba lançou recentemente uma nova linha de televisores de LED em 2011, incluindo o modelo WL800A, que usa o reconhecimento facial. Na próxima vez que você estiver navegando na Internet, ou falando via Skype, hummm... "Sabemos quem você é, onde está e o que está fazendo."
Achados e Perdidos: Senhora, Encontramos a Caixa-Preta de Seu Marido Desaparecido
Os implantes de microcircuitos para rastreamento do indivíduo e para identificação também estão se tornando cada vez menores, e até mais injetáveis sem que você sequer perceba. Na próxima vez que ocorrer um surto de Gripe Aviária ou Gripe Suína, não se deixe enganar e ser levado para a fila da vacinação em massa junto com sua família. Michael G. Michael (da Escola de Sistemas e Tecnologia da Informação, da Universidade de Wollongong, na Austrália), cunhou o termo uberveillance para descrever a tendência emergente da vigilância em todas as coisas, explicando que uberveillance não é do exterior e olhando para baixo, mas do interior e olhando para fora, por meio de um microcircuito que é implantado dentro do nosso corpo."
A empresa privada norte-americana de alta tecnologia VeriChip (
http://www.positiveidcorp.com) vende em larga escala nanocircuitos implantáveis que armazenam um número de identificação exclusivo de 16 dígitos nos seres humanos "para propósitos médicos e de segurança, enfocando pacientes de alto risco e a necessidade de identificá-los e seus registros médicos no caso de uma emergência". Para minimizar os temores, eles também explicam que não sabem quando ou se alguém desenvolverá um microcircuito implantável com tecnologia GPS, mas que "esta não é uma aplicação que estamos desenvolvendo". Michael explica que esses microcircuitos implantáveis se tornarão como uma "caixa-preta que então serão testemunhas dos nossos movimentos reais, palavras — talvez até nossos pensamentos — e exercerão um papel similar ao da caixa-preta instalada em um avião." Ele também prediz que os implantes de microcircuitos e de suas infraestruturas poderão eliminar a necessidade de passaportes eletrônicos, etiquetas eletrônicas, e cartões de identificação inteligentes, acrescentando que o implante de microcircuito... eventualmente se tornará obrigatório no contexto da identificação na estrutura da segurança nacional." Por enquanto, seu telefone celular atua como um transponder passivo para os leitores de identificação de rádiofrequência (RFID).
Olhe o Passarinho...
Sem qualquer surpresa, são para as aplicações militares que vão trilhões de dólares para a pesquisa da tecnologia ultra-avançada. Temos agora Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados, também chamados de aviões-robôs, ou drones) pequenos como besouros. Em uma matéria recente publicada no jornal The New York Times, [2] ficamos sabendo que a Base Wright-Patterson, da Força Aérea dos EUA, no estado do Ohio, possui um laboratório onde Vants projetados para replicar a mecânica do voo das mariposas, falcões e outras criaturas estão sendo desenvolvidos. "Estamos procurando saber como evitar a identificação pelo olhar comum", disse Greg Parker, um engenheiro aeroespacial, segurando um falcão mecânico que no futuro poderá realizar missões de espionagem." Atualmente, o Pentágono já tem cerca de 7.000 aviões-robôs, explicou Ashton B. Carter, o comprador-chefe de armas do Pentágono e membro do Conselho das Relações Internacionais (CFR), um centro de estudos e debates sediado em Nova York.
"Em fevereiro de 2011, os pesquisadores apresentaram o avião-robô "Colibri", construído pela empresa AeroVironment (http://www.avinc.com) para a sigilosa DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa) que pode voar a 18 km/h e pousar no parapeito de uma janela... [Atualmente,] um dos menores aviões-robôs em uso no campo de batalha é o Raven (Corvo), de 90 cm, que os soldados no Afeganistão lançam com as mãos, como um aeromodelo, para sobrevoar e vigiar uma montanha vizinha."
Há então a nova tecnologia "Gorgon Stare" (Olhar Fixo da Górgona), que pode capturar imagens de vídeo ao vivo de uma cidade inteira, mas que requer 2.000 analistas para processarem os dados enviados por um único avião-robô, em comparação com 19 analistas por avião-robô atualmente. Podemos também esperar um crescimento gigantesco no contingente de analistas militares de vigilância, o que representará "maravilhosas novas oportunidades de carreira na defesa nacional."
Uma Nação de Covardes
Essa mesma matéria no New York Times também diz o seguinte: "Dentro das forças armadas, ninguém questiona que os aviões-robôs poupam as vidas dos nossos militares. Muitos veem os aviões-robôs como versões avançadas dos sistemas de armamentos como tanques e bombas lançadas de aviões, que os EUA usam há várias décadas. 'Há um tipo de nostalgia pelo modo como a guerra era lutada antigamente', disse Deane-Peter Baker, professor de Ética na Academia Naval dos EUA, referindo-se às noções nobres do conflito cavaleiro contra cavaleiro. Os aviões-robôs são parte de uma era pós-heróica e, na opinião do professor, não é sempre um problema se eles diminuem o ponto de entrada em uma guerra... Os defensores da ética militar reconhecem que os aviões-robôs podem transformar a guerra em um jogo de computador, infligindo baixas civis, mas sem que soldados americanos fiquem diretamente sob perigo, de modo que mais facilmente levam os EUA para dentro de conflitos".
Isto se vincula com a Doutrina Powell, elaborada pelo general Colin Powell (também um membro do CFR) após a Primeira Guerra no Golfo, que diz, entre outros conceitos, que os EUA somente devem se envolver em um conflito militar onde sua força militar massacrante garantir completa vitória sobre inimigos mais fracos e cuidadosamente selecionados. Isto explica por que os EUA (e sua ferrenha aliada, a Grã-Bretanha) unilateralmente atacaram o Afeganistão e o Iraque, mas não atacam a China ou a Rússia; ou por que os EUA (e a OTAN) impõem "mudanças de regime" à Líbia, mas não à Coreia do Norte (tão íntima da China) ou ao Irã (tão perto da Rússia). Isto explica por que "as heróicas ações" da América incluem invadir a minúscula Granada durante o governo Reagan, em 1984, e o desarmado Panamá, durante o governo George Bush, em 1991, bem como seu contínuo suporte ao nuclearizado e armado até os dentes Israel contra os palestinos lançadores de pedras.
Claramente, uma "doutrina" de mais abjeta e desavergonhada covardia ainda não foi proposta por nenhuma outra nação. Sem dúvida, aqui estão as sementes da vindoura destruição dos EUA e de seus aliados-chave: eles se tornaram nações gananciosas e corruptas, governadas por líderes covardes.
O Que Você Fará?
Seja lá o que acontecer daqui para frente, o planeta Terra depende de quantos dentro da porção dos 2 ou 3 bilhões de "felizardos" que voluntariamente se integraram à Ciberesfera por meio dos computadores pessoais, computadores portáteis, Blackberries, páginas na Internet, telefones celulares, etc., se tornarem conscientes dos graves perigos que estão diante de todos nós. O quão rápido eles começarão a tomar medidas defensivas a partir de dentro da Ciberesfera, especialmente identificando e fazendo uso da grande quantidade de pontos fracos existentes?
Como um amigo meu disse certa vez: "— Se a globalização puder ser comparada a um balão, então você precisa somente da pontinha de um alfinete para fazer tudo estourar." Cada um de nós precisa se tornar essa "pontinha de alfinete".
Enquanto escrevo, a infraestrutura de vigilância e controle pode ler este artigo, usar seus satélites para identificar minha localização por meio do meu aparelho de telefone celular, que atua como um transponder GPS, espionar o que leio e escrevo, saber quais sites visito na Internet, e Deus sabe lá mais o quê.
Há cerca de 20 anos que o Projeto Echelon, da NSA (Agência Nacional de Segurança) pode espionar nossos telefonemas e correio eletrônico, visando encontrar palavras específicas usadas em bilhões de mensagens de texto — "bomba", "ataque", "Islã", "muçulmano", "nuclear" e "biológico" são apenas algumas das palavras e sequências que o Echelon pode xeretar (provavelmente eles estão fazendo isto neste exato momento, enquando escrevo e enquanto você lê!). O que eles podem fazer hoje certamente excede nossa capacidade de imaginação!
Isto não é mais apenas a "infraestrutura nacional de Inteligência", que engloba a CIA, o FBI, a FEMA, a Secretaria de Segurança Interna, DARPA, os serviços de Inteligência do Exército, da Marinha e da Força Aérea e seus correspondentes em cada país. Isto agora engloba também as grandes empresas privadas que coletam e organizam os dados, procuram e localizam determinados padrões (comportamentos, contatos, interesses, propósitos, geografias e infinitos outros) por meio dos quais a Elite Global do Poder espera eventualmente exercer seu antigo sonho do controle total sobre as populações que formam parte do Sistema Global deles (o restante não importa muito, pois já está marcado para morrer).
Microsoft, Facebook, Google, e uma vasta variedade de empresas de coleta de dados, de tecnologia da informação, segurança e Inteligência estão todas ligadas às redes cada vez maiores de consulta e análise de dados, em complexas estruturas evolutivas e que se autossustentam, que estão fora da abrangência visual até mesmo dos governos, pela simples razão que os governos não conseguem compreender essas capacidades, poderes e projeções futuras.
Alguém realmente acredita que Barack Obama, David Cameron, os senadores, representantes (deputados) e parlamentares dos governos dos EUA e da Grã-Bretanha têm alguma ideia do que a NSA, junto com o Google, junto com a Boeing, junto com a Northrop, junto com a Halliburton, junto com a Apple, junto com as empresas de fachada do Mossad israelense, do MI6 britânico e da CIA, junto com as principais universidades e centros de estudos e debates, junto com... estão realmente desenvolvendo?
Pode o Congresso de algum país aprovar mais leis para "controlar" alguma coisa que os próprios congressistas não conseguem compreender? Além disso, mesmo se o Congresso viesse a impor uma legislação restritora, quando isso acontecesse, a tecnologia já teria evoluído um pouco mais, podendo facilmente escapar da abrangência dessas leis.
Quem Está no Comando?
Isto nos traz à questão fundamental? Quem está no comando? Quem realmente governa a Austrália, a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, o Japão, a Índia, o Brasil, os EUA, o Canadá, a Argentina, a África do Sul? Até mesmo Israel?
Vemos "líderes eleitos" que alcançam os cargos mais altos dos governos via mecanismos de votação "democráticos" do século 19, que são todos controlados por uma estrutura tecnocrática de poder do século 21, extremamente complexa, incorporada nos EUA, Grã-Bretanha, União Europeia e em quase todos os outros países. Essa estrutura tecnocrática opera a partir de dentro desses países — até mesmo usando o poder militar dos EUA e dos países da OTAN — mas de modo algum dá ouvidos, apoia ou responde aos interesses desses povos. Foram realmente os EUA, a Grã-Bretanha e a França que invadiram e destruíram o Iraque, o Afeganistão e, mais recentemente, a Líbia? Ou, foi algo muito mais elusivo e poderoso, que está incorporado dentro dessas potências, mas que é controlado muito acima dos completamente obsoletos, erodidos, fatalmente enfraquecidos e — neste ritmo atual — prestes a desaparecer "Estados-nações soberanos"?
Já passou da hora de começarmos a juntar os pontos. Precisamos nos mover para longe da mentalidade do silo e rumo a uma visão mais integrada. Nós nos tornamos muito especializados, o que nos levou à estreiteza mental. Falamos sobre finanças, mas nunca ligamos os pontos em suas insinuações geopolíticas. Falamos sobre política, mas estamos cegos para as forças sociais subjacentes. Achamos que a indústria do cinema em Hollywood esteja interessada somente em nos "entreter", mas não percebemos que ela implanta ideias e padrões de comportamento na nossa psiquê coletiva.
O acúmulo de informações e dados gera confusão, pois nos tornamos sobrecarregados pelos muitos megabytes de informações que inundam nossos cérebros a cada dia, hora, minuto e segundo. Uma dica saudável: recue uma distância apropriada e descubra uma perspectiva que lhe permita começar a ver o quadro grande. Somente então você conseguirá se mover em direção aos detalhes mais refinados, porque a floresta é muito mais importante do que a árvore... pelo menos neste estágio onde todos precisamos tratar uma questão que deve ocupar cada vez mais nossas mentes, independente de onde você viva ou quem você seja: O que está acontecendo neste mundo?
É melhor que encontremos as respostas logo, pois estamos chegando rapidamente a um ponto de encontro de proporções históricas na estrada do destino humano. Ou subimos a estrada acima, para a evolução humana, que necessariamente envolverá a dolorosa, porém necessária destruição da Elite do Poder Global e todos os que apoiam, consolidam, capacitam e alimentam seu crescimento, ou... descemos pela estrada abaixo, para o tenebroso abismo da morte, destruição, hipnose das massas e o fim do espírito humano: uma visão próxima daquilo que comumente é descrito como o Inferno.
Que estrada você seguirá? Ainda podemos tomar a decisão correta. Entretanto, não nos resta muito tempo.
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Notas:
1. Os países árabes que lutam contra a intervenção dos EUA-GB-UE no Oriente Médio e no norte da África são chamados de "terroristas", ou "Estados delinquentes", enquanto que a causa original do problema, as longas décadas de terror e violenta interferência dos EUA-GB-UE nunca é chamada de "terrorismo" (na verdade, eles a chamam de "promover a democracia" ou alguma outra novilíngua). Os grupos militarizados são assim classificados como "terroristas" ou "combatentes pela liberdade", dependendo de que lado estejam em relação à Elite do Poder Global.
2. Veja The New York Times, 19/6/2011, "War Evolves With Drones, Some Tiny as Bugs", Elisabeth Bumiller and Tom Shankar.
Sobre o autor: Adrian Salbuchi é um analista político, escritor, conferencista e apresentador de um programa de rádio na Argentina. Ele já publicou diversos livros sobre geopolítica e economia em espanhol e, recentemente, publicou seu primeiro livro eletrônico em inglês: The Coming World Government: Tragedy & Hope?, que pode ser adquirido em seu site pessoal, em www.asalbuchi.com.ar. Salbuchi tem 58 anos de idade, é casado, pai de quatro filhos adultos e trabalha como consultor estratégico para empresas nacionais e internacionais. Ele também é o fundador do Projeto Segunda República na Argentina, que está se expandindo internacionalmente. (visite secondrepublicproject.com).