domingo, setembro 01, 2013

Planejando a Sociedade de Vigilância Máxima do Big Brother

A Guerra Pelo Controle Total: Planejando a Sociedade de Vigilância Máxima do "Grande Irmão"
Autor: Adrian Salbuchi

É um velho clichê dizer que a tecnologia em si mesma não é boa nem má, mas que tudo depende de como ela é utilizada. No caso das tecnologias da informação e das comunicações, e da criança-problema delas, agora fora de controle, a Internet, que tanto revolucionou o mundo, parece que estamos hoje em uma encruzilhada crítica, onde tudo parece depender de qual caminho a humanidade finalmente decidirá seguir.

Como uma aguda espada de dois fios, a Internet e as tecnologias em rápida evolução em volta dela, estão destinadas a trazerem uma nova era de iluminação intelectual, cultural e espiritual, bem-estar material e verdadeira cooperação entre as nações dispostas a resolverem os problemas globais comuns; ou podemos estar na iminência de cairmos em um abismo de absoluto controle totalitário, violência intelectual, física e espiritual, e escravidão em massa em uma escala sem precedentes.

Como solucionar este dilema? Devemos certamente iniciar compreendendo três questões fundamentais: quem realmente controla essas tecnologias, quais são seus objetivos de médio e longo prazo e por que elas estão sendo usadas como modo como estão...

O Homem Invisível

Um dos maiores perigos que enfrentamos hoje é a dificuldade em identificar e distinguir apropriadamente o amigo do inimigo: é cada vez mais difícil compreender quem — ou o que — é o inimigo ou adversário, o que significa que a vulnerabilidade-chave da sociedade deriva de sua incapacidade de identificar adequadamente os riscos, perigos e ameaças. Se você não consegue ver um perigo se aproximando, ele o atingirá de surpresa, como o sentinela no Titanic aprendeu de forma tão dolorosa naquela fatídica noite de abril de 1912.

Um fator vital para a sobrevivência e prosperidade dos indivíduos, famílias, comunidades, organizações — e até nações inteiras — está em identificar corretamente os amigos e inimigos (ou pelo menos os adversários). Sempre há um "inimigo" que quer tomar aquilo que possuímos, ou quer nos colocar a seu serviço, ou pode ter uma infinidade de razões para querer de algum modo nos enfraquecer ou se livrar de nós, principalmente porque quer tomar de graça aquilo que é nosso. Alguns dirão que esta é a natureza humana básica; outros dirão que é o imperativo darwiniano da sobrevivência dos mais aptos; ainda outros reclamarão que é o egotismo criminoso do ser humano. Seja lá qual for sua visão, a verdade é que de um modo ou de outro, todos vivemos imersos no "modo de autoproteção, ou de autodefesa", que tem início a cada manhã, quando fechamos e travamos a porta de casa e saimos para a rua.

O que quero dizer é que a autoproteção ou autodefesa é fácil quando você pode identificar e compreender claramente seu inimigo: sejam ladrões nas ruas, ou potências estrangeiras interessadas em nos subjugar ou colonizar. Aqui está uma fraqueza das línguas europeias modernas, pois usamos a palavra "inimigo" com uma abrangência muito grande. Na verdade, faríamos bem em atentar para as recomendações do jurista alemão Carl Schmitt (1888-1985) que, como os antigos romanos, diferenciava entre Inimicus (isto é, seu próprio inimigo pessoal, que você pode odiar por ter feito alguma coisa má contra você, mas que é seu próprio assunto ou problema pessoal) e Hostis (isto é, um inimigo público da comunidade e do Estado, a quem você não necessariamente odeia, mas que representa uma ameaça para todos, de modo que precisa ser combatido.).

Por exemplo, duzentos anos atrás, foi fácil para as treze colônias originais da América do Norte identificarem como Hostis a coroa britânica em Londres, ou para os Vice-Reinados sul-americanos identificarem como Hostis a corte espanhola em Madri. Um inimigo comum, visível e provável torna o planejamento estratégico muito mais simples, pois sabemos quem ele é, o que quer e como atinge seus objetivos.

Entretanto, o desafio dos tempos atuais é muito maior, pois Hostis — o inimigo comum — não é mais fácil de identificar. Não podemos mais dizer simplesmente: "São os britânicos em Londres", ou "são os vermelhos", ou "são os nazistas", ou "são os japoneses". Hoje, os Hostis da humanidade se tornaram complexos demais, frequentemente sutis, o que dificulta a simples identificação por nacionalidade, credo religioso, etnia, geografia, língua ou qualquer outra característica fácil de distinguir. Os Hostis de hoje estão por toda a parte e em lugar algum, o que requer que refinemos nossa pesquisa, identificando-os mais pelos seus sinais identificadores, pegadas, seu DNA por assim dizer, do que notando-os diretamente.

Os líderes nacionais não podem mais reunir o suporte das massas populares para "lutar contra os soviéticos, ou contra os alemães, ou contra os japoneses". Uma década atrás, eles tiveram de recorrer às abstrações mais fracas como a "guerra de Bush contra o terrorismo", o que é sem sentido até que você realmente defina o que é "terrorismo". [1].

O que temos hoje é basicamente um inimigo público invisível que é muito difícil de identificar especificamente, porém os efeitos de suas ações são cada vez mais sentidos por todos. Talvez "Elite do Poder Global" seja o termo mais adequado para descrever esse inimigo global real, cujos interesses e objetivos planetários, em sua maior parte, são contrários aos interesses comuns de "Nós, o Povo" de cada país. Todavia, isto também ainda é bastante abstrato e inexpressivo.

Apesar disto, e como todos os "homens invisíveis", embora não consigamos "ver" o inimigo, podemos certamente sentir os efeitos de suas ações, e podemos, portanto, aprender a rastrear seus passos, inferir onde ele está agora, para aonde está se dirigindo e o que planeja fazer.

Nesta guerra mundial, todos os cidadãos conscientes precisam se tornar como caçadores. Lutar contra a Elite do Poder Global é muito parecido como rastrear um tigre selvagem e perigoso na floresta... Um caçador astuto e experiente não precisa na verdade ver o tigre para saber que ele está por perto; se o caçador souber como identificar e compreender determinadas marcas específicas e indicadoras do tigre, como alguns arbustos amassados nas laterais de uma trilha na floresta, um roedor morto, excrementos, marcas das garras no chão úmido, um determinado odor, ou um rugido ecoando ao longe...

Uma tarefa similar está diante de nós. Se quisermos nos tornar livres e independentes, precisamos aprender e compreender quem é o inimigo, onde ele está e quais são suas armas de guerra. Podemos certamente dizer que a pesquisa, o desenvolvimento e o controle tecnológicos são alguns de seus armamentos. Se compreendermos o inimigo, não deve ser difícil compreender o que ele fará com a tecnologia que tão "generosamente" deu à humanidade.

Colocando Sobre Si Mesmo as Correntes da Escravidão

Cerca de cem anos atrás, o líder revolucionário bolchevista Vladimir Lenin disse que os capitalistas um dia venderiam aos comunistas as cordas com as quais estes os enforcariam. Bem, não foi exatamente o que aconteceu; ao contrário, os próprios comunistas se enforcaram com as "cordas invisíveis" do capitalismo, fascinados como ficaram no fim do mundo bipolar, com o consumismo em massa do Ocidente. Uma fotografia eloquente disto, tirada imediatamente após a Queda do Muro de Berlim, em 1989, mostrava um antiquado automóvel Trabant, fabricado na Alemanha Oriental, ao lado de um possante Mercedes-Benz, fabricado na Alemanha Ocidental. Realmente, aquela foto dizia mais que mil palavras!

Vinte e dois anos mais tarde, algo similar parece estar acontecendo; entretanto, desta vez é a Elite do Poder Global que está nos deixando fascinados pelas cordas tecnológicas invisíveis com as quais milhões de pessoas estão prestes a se enforcar, em um sentido figurado, é claro. Não que todos nós estejamos fazendo isto, mas quando você olha ao redor, para o crescente controle em massa da população, o laço certamente está sendo bem ajustado em volta de nossos pescoços.

O ser humano precisa de tempo para se adaptar e lidar com as grandes transformações. Ao longo de milhares de anos de história, a mudança ocorreu de forma muito lenta, ao longo de gerações inteiras, para que com cada nova mudança, as estruturas sociais se adaptassem lentamente. Hoje, porém, com o explosivo advento das tecnologias da informação, das telecomunicações e da genética, para citar apenas algumas, estamos todos mesmerizados e desejosos de participar da Ciberesfera das Informações. Fomos persuadidos que realmente precisamos possuir os mais avançados telefones celulares, iPod, iPad, a Internet, televisão a cabo ou por satélite, iPhone e Blackberry, que potencialmente podem ser coisas boas, mas que precisam ser encarados com muita cautela. A razão é que eles representam uma espada de dois fios que pode ajudar a expandir nossa conscientização e conhecimento do mundo que está ao nosso redor, ou podem nos prender com correntes em um macrossistema que cresceu e se tornou um Leviatã, com uma capacidade imensa de controlar cada detalhe de nossas vidas.

Sou um leigo, de modo que não vou me aprofundar nos detalhes técnicos das tecnologias da informação atuais, porque outros estão muito mais qualificados do que eu para fazer isto, mas o que posso dizer é o seguinte: todas essas tecnologias não são tão inocentes quanto fomos levados a acreditar; isto é, tão "inocentes" que até crianças de 5, 6 ou 7 anos podem ser colocadas para brincar com jogos de computador e com a Internet, como se fossem meros brinquedos. Não! Essas tecnologias precisam ser encaradas com tanta cautela, cuidado e temor quanto demonstramos ao dirigirmos um carro, sabendo que exatamente como ele pode nos levar com segurança para aonde quisermos ir, se acelerarmos rápida e irrefletidamente o motor até 250 km/h, isso poderá ser fatal para nós e para os outros também.

Similarmente, esta espada de dois gumes pode servir para conquistar a Elite do Poder Global tornando-nos cientes de suas intenções e de suas terríveis consequências de médio e longo prazo, ou pode servir para eles cortarem nossas gargantas. Na verdade, o monstro Jânio de duas cabeças está equidistante entre eles e nós. Objetivamente, ou eles ganham e nós perdemos, o que significa que o mundo será governado pelas máquinas que eles controlam, ou, usamos essas tecnologias para arregimentar o poder massacrante de "Nós, o Povo" e aniquilar a Elite do Poder Global. Onde está a diferença? Na nossa conscientização.

A Elite do Poder Global sabe muito bem o que está fazendo, enquanto que a maioria das pessoas não sabe, e a Elite fará tudo o que estiver ao seu alcance para manter as coisas assim. Aqui, então, estão dois exércitos globais voltados um contra o outro. "Neste canto..." uma pequena, mas extremamente poderosa elite que controla uma máquina gigantesca para seu benefício e para nossa escravização. "Naquele canto...", massas gigantescas de pessoas, em sua maior parte incautas, que usam essa mesma máquina, mas sem compreendê-la, sem perceber para que ela realmente serve.

A tecnologia está hoje tão incorporada na sociedade que, cada vez mais, cada aspecto de nossas vidas é controlado por ela: seja o trabalho feito na Internet, Intranet, comércio eletrônico, administrar sua conta bancária, comprar uma passagem aérea e imprimir o cartão de embarque, fazer pesquisa sobre algum tema, ou apenas o entretenimento. É uma moeda da qual sistematicamente só nos é apresentado o lado da "cara", isto é, todos os benefícios, conforto e vantagens de estar conectado e on-line. "A vida é tão mais fácil agora..." Entretanto, não nos mostram o lado da "coroa", que apresenta um perigo tenebroso e que está à espreita: o Controle Total. A Ciberesfera das Informações representa uma superestrutura para o controle total contra o qual os indivíduos podem fazer pouco para escapar, a não ser que se conscientizem rapidamente.

A arma-chave usada contra todos os povos em todos os países é a Guerra Psicológica — que conseguiu: (a) incorporar dois, talvez três bilhões de indivíduos na Cibersfera das Informações, permitindo um crescente controle parcial ou total sobre eles, e (b) persuadir bilhões de indivíduos a dispostamente aceitarem isto. O restante da humanidade — os outros 3 ou 4 bilhões são "bocas inúteis", como David Rockefeller certa vez os chamou — eles simplesmente não contam, pois vivem em abjeta pobreza e não fazem parte do "mercado"; não há coisa alguma que as grandes empresas possam lhes vender. Assim, eles estão implicitamente marcados para o extermínio controlado ao longo da próxima geração por meio de guerras, doenças, fome, violência urbana, contaminação do meio ambiente, desastres "naturais" induzidos de forma artificial, ou apenas esperando que eles morram e não se reproduzam mais.

Uma rápida olhada em algumas das maravilhas tecnológicas que a Elite reservou para nós pode melhor ilustrar isto:

Observe o Que Você Diz... e Faz... (e Pensa...!)

"Romas/COIN" é um projeto militar de alta tecnologia para vigilância da população civil e de coleta de dados, apoiado por empresas norte-americanas privadas do setor de defesa (especialmente a Northrop Gruman), centros de estudos e debates e a comunidade de Inteligência civil e militar dos EUA, com capacidades eletrônicas para monitorar e analisar milhões de conversações telefônicas, classificar dados fundamentais e depois reconstrui-los para refletir padrões de comportamento específicos entre os indivíduos e grupos de pessoas, o que possibilita a previsão de seus planos futuros, localização, objetivos e ações. Isto tudo tornará a "guerra preventiva" e as "prisões preventivas" muito mais fáceis. Por enquanto, grande parte dessa vigilância em massa e "mineração" de dados visa as pessoas de língua árabe, não apenas no Oriente Médio e no norte da África, mas em todo o mundo, o que se encaixa lindamente com a infindável "guerra global contra o terrorismo".

Isto representa um salto quântico pela Elite do Poder Global, pois até recentemente esse tipo de espionagem de alta tecnologia somente podia ser feito pela NSA (Agência Nacional de Segurança), CIA, FBI, o MI6 britânico e pelo Mossad israelense (que sempre podem ser demonizados como entidades modernas do tipo Gestapo); agora, entretanto, temos nomes "amigáveis" como Apple, Google, FaceBook, Twitter, Microsoft, Pixar/Disney, PointAbout, fazendo toda a espionagem para a Elite. A rede empresarial privada é parte do laço invisível que estamos colocando em volta de nossos pescoços. O Grande Irmão está observando você...

Os países que as pessoas normalmente acreditam serem bastiões da liberdade — a Grã-Bretanha, Canadá, Austrália ou Nova Zelândia — são excelentes exemplos de vigilância completa. Faça uma caminhada pelas ruas de Londres e uma vasta e onipresente redes de milhões de câmeras estará observando cada um de seus passos, 24 horas por dia e 7 dias por semana, nos aeroportos, nas estações de trem e de Metrô, nos cruzamentos das ruas, nas lojas, no interior dos ônibus urbanos, nos centros de compras, nas estradas, parques, condomínios, edifícios públicos, escritórios privados, nas empresas de prestação de serviços, nos banheiros públicos e nos postos de pedágio... Para aonde quer que você vá em Londres, alguém está observando você... bem de perto. Naturalmente, tudo isto é feito em nome da "segurança nacional", que se tornou uma cortina de fumaça para a percepção das elites empresariais e políticas que a crescente conscientização pública representa uma real ameaça aos seus interesses.

Na Austrália, o Grande Irmão está trabalhando arduamente, o que não é surpresa, pois o país respondeu aos eventos de 11/9/2001 com um extraordinário furor legiferante. Na década após o evento, o Parlamento Australiano aprovou 54 leis antiterrorismo, 48 das quais foram aprovadas durante o governo Howard, uma média de uma nova lei antiterror a cada sete semanas.

Os números são chocantes: O professor canadense Kent Roach descobriu que "a Austrália excedeu a Grã-Bretanha, os EUA e o Canadá no número de novas leis antiterror que foram aprovadas desde 11/9/2001. A grande quantidade de novas legislações na Austrália esgotou a capacidade da oposição parlamentar e da sociedade civil de acompanhar e, mais ainda, de fazer oposição efetiva à incansável apresentação de novos projetos de leis." Tudo isto foi promovido pelo Órgão Australiano de Inteligência e Segurança (ASIO).

A legislação australiana inclui a Emenda na Legislação Sobre Serviços de Inteligência e Interceptação das Telecomunicações, a Emenda na Legislação dos Serviços de Inteligência de 2011, que fortalece e aumenta os poderes do Órgão de Inteligência e Segurança para realizar vigilância fora do país e alcançar organizações como o WikiLeaks, visando qualquer um que faça campanhas a favor de questões políticas e sociais.

"Sabemos Quem Você É..."

As novas tecnologias também poderão em breve tornar as impressões digitais uma coisa do passado. O reconhecimento vascular representa um método muito mais preciso de identificação do que as tradicionais impressões digitais, por causa de sua baixíssima taxa de erro de 0,01%. Usando a luz para penetrar o dedo de um usuário e ler os padrões dos vasos capilares, que são únicos em cada indivíduo e considerados impossíveis de serem replicados, este método impede a falsificação, pois as estruturas vasculares mudam após a morte, o que significa que dedos cortados não poderão ser usados para enganar os escâneres de leitura.

Em seguida, há o reconhecimento facial. A empresa japonesa Toshiba lançou recentemente uma nova linha de televisores de LED em 2011, incluindo o modelo WL800A, que usa o reconhecimento facial. Na próxima vez que você estiver navegando na Internet, ou falando via Skype, hummm... "Sabemos quem você é, onde está e o que está fazendo."

Achados e Perdidos: Senhora, Encontramos a Caixa-Preta de Seu Marido Desaparecido

Os implantes de microcircuitos para rastreamento do indivíduo e para identificação também estão se tornando cada vez menores, e até mais injetáveis sem que você sequer perceba. Na próxima vez que ocorrer um surto de Gripe Aviária ou Gripe Suína, não se deixe enganar e ser levado para a fila da vacinação em massa junto com sua família. Michael G. Michael (da Escola de Sistemas e Tecnologia da Informação, da Universidade de Wollongong, na Austrália), cunhou o termo uberveillance para descrever a tendência emergente da vigilância em todas as coisas, explicando que uberveillance não é do exterior e olhando para baixo, mas do interior e olhando para fora, por meio de um microcircuito que é implantado dentro do nosso corpo."

A empresa privada norte-americana de alta tecnologia VeriChip (http://www.positiveidcorp.com) vende em larga escala nanocircuitos implantáveis que armazenam um número de identificação exclusivo de 16 dígitos nos seres humanos "para propósitos médicos e de segurança, enfocando pacientes de alto risco e a necessidade de identificá-los e seus registros médicos no caso de uma emergência". Para minimizar os temores, eles também explicam que não sabem quando ou se alguém desenvolverá um microcircuito implantável com tecnologia GPS, mas que "esta não é uma aplicação que estamos desenvolvendo". Michael explica que esses microcircuitos implantáveis se tornarão como uma "caixa-preta que então serão testemunhas dos nossos movimentos reais, palavras — talvez até nossos pensamentos — e exercerão um papel similar ao da caixa-preta instalada em um avião." Ele também prediz que os implantes de microcircuitos e de suas infraestruturas poderão eliminar a necessidade de passaportes eletrônicos, etiquetas eletrônicas, e cartões de identificação inteligentes, acrescentando que o implante de microcircuito... eventualmente se tornará obrigatório no contexto da identificação na estrutura da segurança nacional." Por enquanto, seu telefone celular atua como um transponder passivo para os leitores de identificação de rádiofrequência (RFID).

Olhe o Passarinho...

Sem qualquer surpresa, são para as aplicações militares que vão trilhões de dólares para a pesquisa da tecnologia ultra-avançada. Temos agora Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados, também chamados de aviões-robôs, ou drones) pequenos como besouros. Em uma matéria recente publicada no jornal The New York Times, [2] ficamos sabendo que a Base Wright-Patterson, da Força Aérea dos EUA, no estado do Ohio, possui um laboratório onde Vants projetados para replicar a mecânica do voo das mariposas, falcões e outras criaturas estão sendo desenvolvidos. "Estamos procurando saber como evitar a identificação pelo olhar comum", disse Greg Parker, um engenheiro aeroespacial, segurando um falcão mecânico que no futuro poderá realizar missões de espionagem." Atualmente, o Pentágono já tem cerca de 7.000 aviões-robôs, explicou Ashton B. Carter, o comprador-chefe de armas do Pentágono e membro do Conselho das Relações Internacionais (CFR), um centro de estudos e debates sediado em Nova York.
"Em fevereiro de 2011, os pesquisadores apresentaram o avião-robô "Colibri", construído pela empresa AeroVironment (http://www.avinc.com) para a sigilosa DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa) que pode voar a 18 km/h e pousar no parapeito de uma janela... [Atualmente,] um dos menores aviões-robôs em uso no campo de batalha é o Raven (Corvo), de 90 cm, que os soldados no Afeganistão lançam com as mãos, como um aeromodelo, para sobrevoar e vigiar uma montanha vizinha."
Há então a nova tecnologia "Gorgon Stare" (Olhar Fixo da Górgona), que pode capturar imagens de vídeo ao vivo de uma cidade inteira, mas que requer 2.000 analistas para processarem os dados enviados por um único avião-robô, em comparação com 19 analistas por avião-robô atualmente. Podemos também esperar um crescimento gigantesco no contingente de analistas militares de vigilância, o que representará "maravilhosas novas oportunidades de carreira na defesa nacional."

Uma Nação de Covardes

Essa mesma matéria no New York Times também diz o seguinte: "Dentro das forças armadas, ninguém questiona que os aviões-robôs poupam as vidas dos nossos militares. Muitos veem os aviões-robôs como versões avançadas dos sistemas de armamentos como tanques e bombas lançadas de aviões, que os EUA usam há várias décadas. 'Há um tipo de nostalgia pelo modo como a guerra era lutada antigamente', disse Deane-Peter Baker, professor de Ética na Academia Naval dos EUA, referindo-se às noções nobres do conflito cavaleiro contra cavaleiro. Os aviões-robôs são parte de uma era pós-heróica e, na opinião do professor, não é sempre um problema se eles diminuem o ponto de entrada em uma guerra... Os defensores da ética militar reconhecem que os aviões-robôs podem transformar a guerra em um jogo de computador, infligindo baixas civis, mas sem que soldados americanos fiquem diretamente sob perigo, de modo que mais facilmente levam os EUA para dentro de conflitos".

Isto se vincula com a Doutrina Powell, elaborada pelo general Colin Powell (também um membro do CFR) após a Primeira Guerra no Golfo, que diz, entre outros conceitos, que os EUA somente devem se envolver em um conflito militar onde sua força militar massacrante garantir completa vitória sobre inimigos mais fracos e cuidadosamente selecionados. Isto explica por que os EUA (e sua ferrenha aliada, a Grã-Bretanha) unilateralmente atacaram o Afeganistão e o Iraque, mas não atacam a China ou a Rússia; ou por que os EUA (e a OTAN) impõem "mudanças de regime" à Líbia, mas não à Coreia do Norte (tão íntima da China) ou ao Irã (tão perto da Rússia). Isto explica por que "as heróicas ações" da América incluem invadir a minúscula Granada durante o governo Reagan, em 1984, e o desarmado Panamá, durante o governo George Bush, em 1991, bem como seu contínuo suporte ao nuclearizado e armado até os dentes Israel contra os palestinos lançadores de pedras.

Claramente, uma "doutrina" de mais abjeta e desavergonhada covardia ainda não foi proposta por nenhuma outra nação. Sem dúvida, aqui estão as sementes da vindoura destruição dos EUA e de seus aliados-chave: eles se tornaram nações gananciosas e corruptas, governadas por líderes covardes.

O Que Você Fará?

Seja lá o que acontecer daqui para frente, o planeta Terra depende de quantos dentro da porção dos 2 ou 3 bilhões de "felizardos" que voluntariamente se integraram à Ciberesfera por meio dos computadores pessoais, computadores portáteis, Blackberries, páginas na Internet, telefones celulares, etc., se tornarem conscientes dos graves perigos que estão diante de todos nós. O quão rápido eles começarão a tomar medidas defensivas a partir de dentro da Ciberesfera, especialmente identificando e fazendo uso da grande quantidade de pontos fracos existentes?

Como um amigo meu disse certa vez: "— Se a globalização puder ser comparada a um balão, então você precisa somente da pontinha de um alfinete para fazer tudo estourar." Cada um de nós precisa se tornar essa "pontinha de alfinete".

Enquanto escrevo, a infraestrutura de vigilância e controle pode ler este artigo, usar seus satélites para identificar minha localização por meio do meu aparelho de telefone celular, que atua como um transponder GPS, espionar o que leio e escrevo, saber quais sites visito na Internet, e Deus sabe lá mais o quê.

Há cerca de 20 anos que o Projeto Echelon, da NSA (Agência Nacional de Segurança) pode espionar nossos telefonemas e correio eletrônico, visando encontrar palavras específicas usadas em bilhões de mensagens de texto — "bomba", "ataque", "Islã", "muçulmano", "nuclear" e "biológico" são apenas algumas das palavras e sequências que o Echelon pode xeretar (provavelmente eles estão fazendo isto neste exato momento, enquando escrevo e enquanto você lê!). O que eles podem fazer hoje certamente excede nossa capacidade de imaginação!

Isto não é mais apenas a "infraestrutura nacional de Inteligência", que engloba a CIA, o FBI, a FEMA, a Secretaria de Segurança Interna, DARPA, os serviços de Inteligência do Exército, da Marinha e da Força Aérea e seus correspondentes em cada país. Isto agora engloba também as grandes empresas privadas que coletam e organizam os dados, procuram e localizam determinados padrões (comportamentos, contatos, interesses, propósitos, geografias e infinitos outros) por meio dos quais a Elite Global do Poder espera eventualmente exercer seu antigo sonho do controle total sobre as populações que formam parte do Sistema Global deles (o restante não importa muito, pois já está marcado para morrer).

Microsoft, Facebook, Google, e uma vasta variedade de empresas de coleta de dados, de tecnologia da informação, segurança e Inteligência estão todas ligadas às redes cada vez maiores de consulta e análise de dados, em complexas estruturas evolutivas e que se autossustentam, que estão fora da abrangência visual até mesmo dos governos, pela simples razão que os governos não conseguem compreender essas capacidades, poderes e projeções futuras.

Alguém realmente acredita que Barack Obama, David Cameron, os senadores, representantes (deputados) e parlamentares dos governos dos EUA e da Grã-Bretanha têm alguma ideia do que a NSA, junto com o Google, junto com a Boeing, junto com a Northrop, junto com a Halliburton, junto com a Apple, junto com as empresas de fachada do Mossad israelense, do MI6 britânico e da CIA, junto com as principais universidades e centros de estudos e debates, junto com... estão realmente desenvolvendo?

Pode o Congresso de algum país aprovar mais leis para "controlar" alguma coisa que os próprios congressistas não conseguem compreender? Além disso, mesmo se o Congresso viesse a impor uma legislação restritora, quando isso acontecesse, a tecnologia já teria evoluído um pouco mais, podendo facilmente escapar da abrangência dessas leis.

Quem Está no Comando?

Isto nos traz à questão fundamental? Quem está no comando? Quem realmente governa a Austrália, a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, o Japão, a Índia, o Brasil, os EUA, o Canadá, a Argentina, a África do Sul? Até mesmo Israel?

Vemos "líderes eleitos" que alcançam os cargos mais altos dos governos via mecanismos de votação "democráticos" do século 19, que são todos controlados por uma estrutura tecnocrática de poder do século 21, extremamente complexa, incorporada nos EUA, Grã-Bretanha, União Europeia e em quase todos os outros países. Essa estrutura tecnocrática opera a partir de dentro desses países — até mesmo usando o poder militar dos EUA e dos países da OTAN — mas de modo algum dá ouvidos, apoia ou responde aos interesses desses povos. Foram realmente os EUA, a Grã-Bretanha e a França que invadiram e destruíram o Iraque, o Afeganistão e, mais recentemente, a Líbia? Ou, foi algo muito mais elusivo e poderoso, que está incorporado dentro dessas potências, mas que é controlado muito acima dos completamente obsoletos, erodidos, fatalmente enfraquecidos e — neste ritmo atual — prestes a desaparecer "Estados-nações soberanos"?

Já passou da hora de começarmos a juntar os pontos. Precisamos nos mover para longe da mentalidade do silo e rumo a uma visão mais integrada. Nós nos tornamos muito especializados, o que nos levou à estreiteza mental. Falamos sobre finanças, mas nunca ligamos os pontos em suas insinuações geopolíticas. Falamos sobre política, mas estamos cegos para as forças sociais subjacentes. Achamos que a indústria do cinema em Hollywood esteja interessada somente em nos "entreter", mas não percebemos que ela implanta ideias e padrões de comportamento na nossa psiquê coletiva.

O acúmulo de informações e dados gera confusão, pois nos tornamos sobrecarregados pelos muitos megabytes de informações que inundam nossos cérebros a cada dia, hora, minuto e segundo. Uma dica saudável: recue uma distância apropriada e descubra uma perspectiva que lhe permita começar a ver o quadro grande. Somente então você conseguirá se mover em direção aos detalhes mais refinados, porque a floresta é muito mais importante do que a árvore... pelo menos neste estágio onde todos precisamos tratar uma questão que deve ocupar cada vez mais nossas mentes, independente de onde você viva ou quem você seja: O que está acontecendo neste mundo?

É melhor que encontremos as respostas logo, pois estamos chegando rapidamente a um ponto de encontro de proporções históricas na estrada do destino humano. Ou subimos a estrada acima, para a evolução humana, que necessariamente envolverá a dolorosa, porém necessária destruição da Elite do Poder Global e todos os que apoiam, consolidam, capacitam e alimentam seu crescimento, ou... descemos pela estrada abaixo, para o tenebroso abismo da morte, destruição, hipnose das massas e o fim do espírito humano: uma visão próxima daquilo que comumente é descrito como o Inferno.

Que estrada você seguirá? Ainda podemos tomar a decisão correta. Entretanto, não nos resta muito tempo.

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Notas:
1. Os países árabes que lutam contra a intervenção dos EUA-GB-UE no Oriente Médio e no norte da África são chamados de "terroristas", ou "Estados delinquentes", enquanto que a causa original do problema, as longas décadas de terror e violenta interferência dos EUA-GB-UE nunca é chamada de "terrorismo" (na verdade, eles a chamam de "promover a democracia" ou alguma outra novilíngua). Os grupos militarizados são assim classificados como "terroristas" ou "combatentes pela liberdade", dependendo de que lado estejam em relação à Elite do Poder Global. 
2. Veja The New York Times, 19/6/2011, "War Evolves With Drones, Some Tiny as Bugs", Elisabeth Bumiller and Tom Shankar.

Sobre o autor: Adrian Salbuchi é um analista político, escritor, conferencista e apresentador de um programa de rádio na Argentina. Ele já publicou diversos livros sobre geopolítica e economia em espanhol e, recentemente, publicou seu primeiro livro eletrônico em inglês: The Coming World Government: Tragedy & Hope?, que pode ser adquirido em seu site pessoal, em www.asalbuchi.com.ar. Salbuchi tem 58 anos de idade, é casado, pai de quatro filhos adultos e trabalha como consultor estratégico para empresas nacionais e internacionais. Ele também é o fundador do Projeto Segunda República na Argentina, que está se expandindo internacionalmente. (visite secondrepublicproject.com).

quinta-feira, agosto 29, 2013

Câmara corrupta protege parlamentar presidiário. É Fato!

Em votação secreta realizada ontem (28/08/2013), a Câmara dos Deputados rejeitou a cassação do mandato do deputado federal Natan Donadon, atualmente sem partido.

Dos 405 parlamentares presentes à sessão, 233 votaram pela cassação, acatando parecer aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, número insuficiente para decretar a perda do mandato de Donadon, já que para isso eram necessários 257 votos.

O que se lamenta é o número de abstenções (41) e de votos pela manutenção no Parlamento de um bandido que desde 28 de junho está trancafiado no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, cumprindo pena de 13 anos de reclusão pela prática dos crimes de peculato e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal - STF, decisão que já transitou em julgado.

Dizem que bandido que rouba ladrão tem 100 anos de perdão. Será que a máxima também se aplica ao parlamentar corrupto que protege outro parlamentar corrupto? A resposta, com certeza, está nas ruas, onde devemos buscar o fim da votação secreta, esse artifício sujo e imoral que o Parlamento brasileiro utiliza para acobertar e proteger criminosos. Somos o primeiro país do mundo a ter um deputado presidiário. Vergonha Nacional!

Ex-subsecretária de Bush pai fala sobre o GOVERNO SOMBRA e de tecnologias avançadas, uma delas são as construções de óvnis

Ex-subsecretária de Bush Pai, confirma a existência do "Governo Sombra".



Catherine Austin-Fitts foi subsecretária de Habitação no início do governo de George Bush pai.

Oriunda da diretoria do banco de investimentos Dillon, Read & Co. (posteriormente incorporado pelo suíço UBS), era responsável pela Administração Federal de Habitação (FHA), então o maior fundo de seguros hipotecários do mundo.

Em 1990, foi demitida, depois de ter deparado com um vasto sistema de desvio de recursos para o chamado “orçamento negro” (black budget), destinado ao desenvolvimento de projetos de inteligência e tecnológicos sem supervisão do Congresso. Na iniciativa privada, foi uma das primeiras a advertir sobre a expansão da bolha hipotecária que deflagrou a crise de 2007-2008, e tem denunciado sistematicamente as fraudes que ocorrem rotineiramente no sistema financeiro encabeçado pelo Sistema da Reserva Federal, inclusive, a sua estreita vinculação com o tráfico internacional de drogas e outras atividades ilícitas. Em recente entrevista ao jornalista econômico alemão Lars Schall, postada no site deste, em 1º. de agosto, ela proporciona uma autêntica aula magna sobre a existência e o funcionamento de uma estrutura de governo mundial, que opera, principalmente, nos EUA e na Europa, à qual chama o “governo sombra” (shadow government).

Provocada sobre o fato de que as suas denúncias lhe têm garantido numerosas acusações de ser uma “teórica da conspiração”, devolveu:
Bem, a coisa é que temos uma realidade oficial e a realidade, são duas coisas diferentes…
O meu entendimento do mundo emergiu de trabalhar em Wall Street e para o governo. Eu passei vários anos em disputas judiciais com o governo federal e a minha experiência pessoal é a de que o mundo é movido por decisões quietas tomadas silenciosamente em vários grupos e, em seguida, implementadas dessas maneiras – é assim que o mundo funciona, este é o princípio organizacional básico… A linha divisória de classes, nos EUA de hoje, é entre as pessoas que criam, administram e se engajam no que alguns chamam conspirações, enquanto todo o restante é treinado para ser incapaz de fazer o mesmo, porque esta é a base do poder versus a impotência. Então, eu venho de um mundo onde ser capaz de se reunir com outras pessoas, organizar planos, implementar estes planos e fazer isto silenciosa e secretamente, é a base do exercício e do acúmulo de poder mundial. Por isso, quando eu ouço pessoas sendo depreciativas sobre as conspirações, no mundo em que me criei, isto representa, simplesmente, um sintoma de que elas concordaram em ser impotentes e fazer disto um distintivo de honra.

Segundo ela, tais grupos de poder configuram um “governo sombra”:
A coisa contra a qual estamos lutando é que não é realmente claro qual é o sistema de governança no planeta Terra e como ele funciona. O que sabemos é que as nações soberanas têm o poder de cobrar impostos e grandes orçamentos. A realidade é que essas nações soberanas não estão no controle e não estão dirigindo as coisas… Eu acho que o sistema de governo é, na melhor das hipóteses, obscuro e, na minha experiência de trabalho como funcionária governamental, as decisões são tomadas fora do governo e transmitidas ao governo. O governo trabalha para o “governo sombra”… O que estamos presenciando é uma grande centralização de controle político, e parte disto é que a tecnologia permite esse tipo de consolidação fantástica em lugares centralizados. (…)

A propósito das estreitas vinculações entre o sistema financeiro e o aparato de inteligência que foi exposto pelas recentes denúncias sobre a Agência de Segurança Nacional (NSA) estadunidense, afirmou:
Primeiro, lembre-se que, no mundo desenvolvido, nós temos aliados que tanto competem como cooperam entre si. É muito ruim para os negócios deixar os nossos aliados saberem que, basicamente, você está praticando golpes sujos contra eles, no jogo da guerra econômica. Esta é uma realidade particularmente desconfortável para os EUA, porque eu acho que os estadunidenses têm sido muito bons nesse jogo. Segundo, agora, nós temos um sistema financeiro que é muito dependente de um sistema de gerenciamento dos mercados.
A NSA e os sistemas de vigilância correlatos já estão muito além, eles não são mais uma maquinaria para treinamento de insiders para a guerra de equipamentos, eles se tornaram algo muito mais pró-ativo. Eles estão descobrindo como gerenciar os mercados, de uma forma ampla e geopoliticamente. Então, temos agora algo que está inventando os mercados, inventando a economia e direcionando a economia… Passamos de uma máquina de vigilância para uma máquina de manipulação dos mercados e para uma máquina de criação de mercados. (…)

Para os que ainda mantêm ilusões sobre o funcionamento “livre” dos mercados financeiros, ela as desfaz com um balde de realidade fria, ao responder uma pergunta sobre os intercâmbios de informações privilegiadas (insider trading) entre bancos e agências de inteligência:
(…) Neste exato momento, o governo federal tem como seu depositário a Reserva Federal de Nova York. Então, você tem um banco privado que é o banqueiro do governo e, essencialmente e de várias maneiras, controla as contas do governo. Agora, este banco central está imprimindo papel e ninguém irá pegar este papel, a menos que as Forças Armadas dos EUA garantam que todos farão isto. Então, estamos falando de um híbrido que é bastante integrado em uma única coisa. 
A Reserva Federal de Nova York representa, na realidade, os seus bancos membros, que atuam como agentes e, por intermédio da Reserva, estão gerenciando o Fundo de Estabilização de Câmbio, que é a mãe de todos os fundos para operações encobertas e fundos de intervenção nos mercados, mas também estão implementando diretrizes de segurança nacional no mercado… Então, essas agências e instituições estão atuando juntas, como se fossem um único cartel. Isto vai muito além de informações privilegiadas… O que eles criaram, pelo menos nos EUA, é uma maquinaria de colheita. Os EUA têm 3.100 condados e o que temos é uma maquinaria que cultiva cada um deles para uma variedade de propósitos governamentais e do orçamento negro. Em muitos condados, a economia é projetada para gerar dinheiro para o orçamento negro, mais do que para otimizar a economia.

Não obstante, para Austin-Fitts, a crise global representa uma oportunidade, pois estamos atravessando um extraordinário período de mudanças… Estamos deixando de ser divididos entre desenvolvidos e não-desenvolvidos e entrando numa economia mais mundial. Este reequilíbrio é uma mudança bastante significativa… Estamos mudando o nosso modelo. No mundo desenvolvido, nós dizíamos, basicamente, vamos ser democracias, mas vamos financiar as nossas democracias percorrendo o planeta, matando todo o resto e pegando baratos os seus recursos naturais. Agora, temos que converter-nos num modelo em que o que for feito a um será feito a todos, e isto é parte desse reequilíbrio, acho que é uma grande mudança.

Embora sem proporcionar detalhes, ela comenta ter deparado, em suas investigações, com o desenvolvimento encoberto de tecnologias de propulsão espacial muito mais avançadas do que as oficialmente reconhecidas como sendo o estado da arte dos EUA:
A maneira em como me interessei no programa espacial foi que eu estava seguindo as pistas de fraudes e extraordinárias quantidades de dinheiro que desapareciam dos programas de hipotecas do governo federal e desaparecendo do [Departamento do] Tesouro. Isto me levou a investigar o orçamento negro. Mas quando você começa a investigar o orçamento negro, o que você começa a compreender é que a primeira história de cobertura para ele é a incompetência e a segunda, a corrupção. Porque, de fato, estamos falando de um processo institucionalizado de desviar dinheiro da economia aberta, seja no nível governamental ou nas comunidades, por meio do crime organizado e coisas como as fraudes com hipotecas – e estamos falando de dinheiro numa escala enorme. Não estamos falando de Ferraris e contas em paraísos fiscais para parceiros de Wall Street, estamos falando de trilhões e trilhões de dólares que estão indo para algum lugar.
Na medida em que comecei a estudar o orçamento negro e para onde o dinheiro estava indo, numa escala extraordinária, comecei a investigar os diferentes relatos sobre a construção de instalações subterrâneas e a construção de naves espaciais que funcionam como dizem que os funcionam os OVNIs [objetos voadores não-identificados]. (…)
(…) Então, essas tecnologias estão sendo desenvolvidas há algum tempo e um dos nossos desafios, como planeta, é que existe uma enorme divisão na população, entre pessoas que estão avançando rapidamente, fazendo coisas de tecnologia muito avançada, inclusive, por meio do orçamento negro, e uma população muito maior que, se está fazendo algo, está reduzindo as suas habilidades, inteligência e capacidade de lidar com tecnologias avançadas.

Ao final, Schall pediu à ex-subsecretária para apontar os desafios mais importantes para a humanidade, dos quais a grande maioria das pessoas não estaria ciente:
Nos últimos quinhentos anos, temos estado no que [o investidor e analista financeiro] James Turks chama de “modelo centralbanquista-belicista”. Os bancos centrais imprimem dinheiro e os militares se asseguram de que todo mundo fique com ele. Parte disto, como dissemos, era que os colegas no mundo desenvolvido iam ao mundo não desenvolvido e roubavam o que precisavam para mover as suas economias. Agora, teremos que ter um modelo muito mais integrado globalmente. Ou iremos praticar globalmente a não-violação ou não sei o que será. Isto será uma coisa grande para a gente do mundo desenvolvido, se converter, literalmente, para um modelo em que o mesmo conjunto de regras se aplique aos mercados desenvolvidos e emergentes. 
Teremos que praticar globalmente a não-violação. Eu acho que um dos desafios mais importantes é uma grande evolução espiritual e cultural. Para mim, a maior oportunidade para o planeta é espiritual. A questão maior em cada sistema legal é quem o aplica. Se vamos nos mover para uma condição em que possamos manejar o tipo de tecnologias que discutimos, então, seremos convocados para fazer uma enorme mudança, de modo a termos o tipo de base espiritual e cultural que possa manejar essas tecnologias tão poderosas. E, na medida em que isto acontecer neste planeta, estaremos em condições de enfrentar uma série de riscos geofísicos, ameaças cósmicas e o que estiver ocorrendo no espaço exterior. 
Então, eu diria que os nossos dois desafios mais importantes estão na ascensão espiritual e cultural, para estar à altura da tecnologia, inclusive, praticando globalmente a não-violação, na medida em que chegamos a uma cultura e uma economia muito mais integradas e, assim, atuar como uma sociedade é assumir as responsabilidades para interagir no espaço e entender e gerenciar os nossos riscos geofísicos, no contexto de toda a galáxia.

Evidentemente, ela não espera que tais mudanças ocorram automaticamente. Para finalizar, vejamos a sua “receita”:
A solução é que cada um de nós faça o que chamo “tomar posição” ["come clean", no original]. Cada um de nós tem que mudar; em outras palavras, não precisamos esperar que as lideranças façam alguma coisa. Nós podemos, simplesmente, começar a mudar nós mesmos… A maneira como vamos construir o futuro é atraindo o que queremos. Vamos passar por uma enorme mudança e não há jeito de que possamos nos esconder num bunker, com nossa comida desidratada e moedas de ouro, e pensar que vai dar tudo certo. Temos que sair para fora, de um jeito ou de outro, e criar soluções.

Após deixar o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Austin-Fitts fundou o bem sucedido banco de investimentos Hamilton Securities Group, que foi forçado a fechar, em 1998, após uma feroz perseguição judicial movida pelo governo federal, com acusações que, posteriormente, se revelaram fraudulentas. Atualmente, dirige a Solari, empresa de consultoria de investimentos, e o sítio The Solari Report, no qual publica artigos, notícias jornalísticas e entrevistas, com foco na crise global e os esforços para a sua superação.

quarta-feira, agosto 28, 2013

ISRAEL / YAOSHORUL

Esse símbolo é paganizado é uma piramide pra cima e uma para baixo, representando satanás (assim no céu como na terra), ele sempre pega algo divino pra distocer, Além disso compôe o hexagrama é uma forma geométrica de uma estrela de 6 pontas.

ISRAEL: o seu verdadeiro nome é Yaoshorul (conhela a diferença El/Ul) - País do Oriente Médio asiático, banhado pelo Mediterrâneo, tem fronteiras ao norte com Líbano e Síria, a leste e sul com a Jordânia e com o Egito. Tem um pequeno litoral voltado para o Índico, pelo Golfo de Acaba e divide margens do Mar Morto com a Jordânia.

Seu nome significa 'venceu com (Yisra) YHWH (Ul)', em hebraico. Yaoshorul é também o segundo nome do patriarca Jacó (YAOHUcáf = palma da mão de Yaohuh), cujos descendentes, na tradição hebraica (Ivirit), são chamados bnei yisra'el, 'filhos de Yaoshorul'.

O registro histórico mais antigo que se conhece sobre o nome Israel está mencionado na Estela de Merneptah (num poema dedicado ao faraó Merneptah), em que o nome é associado a um povo, mas não a uma localização geográfica. Ao que se sabe, o Povo de Yaohu surgiu de grupos nômades que habitavam a Mesopotâmia há cerca de cinco mil anos.

No fim do século XVII a.C., este povo foi atacado e escravizado pelos egípcios. Após o fim do cativeiro no Egito, os hebreus vagaram pela região da Península do Sinai até que reconquistaram, sob o comando do rei Saul (Shaul), uma parte de seu território original, as terras de Canaã, por volta de 1029 a.C.. Shaul foi sucedido por David (Dáud = (dod) = tio, querido), em torno do ano 1000 a.C., que expandiu o território de Yaoshorul e conquistou a cidade de Yaohushualéym, onde instalou a capital do seu reino. Yaoshorul alcançou seu apogeu durante o reinado de Salomão (Shlomo, pacífico, de paz), entre os anos 966 a.C. e 926 a.C.. Porém, pouco depois do fim do reinado de Shlomo, Yaoshurul foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de Yaoshorul, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou sendo Yaohushualéym - do nome Judá (Yaohudáh) nasceram as denominações: judeu (Yaohudym) e judaísmo. Entretanto, o território dos Yaohudym foi sendo conquistado e influenciado por diversas potências de sua época, entre elas: assírios, persas, gregos, selêucidas e romanos.

Em 586 a.C. o imperador Nabucodonosor invadiu Yaohushualéym e obrigou os Yaoshorulytas ao exílio. Levados à força para a Babilônia, os prisioneiros de Yaohudáh e Yaoshorul passaram cerca de 50 anos como escravos sob o domínio dos babilônios. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou a volta dos Yaoshorulytas a Yaohushualéym, que foi reconstruída.

Mais tarde, os romanos invadiram e dominaram a região e estabeleceram que o reino judeu (Yaohudy) seria seu protetorado. A primeira grande revolta contra o domínio romano e sua intromissão nos assuntos religiosos se iniciou no ano 66 e durou até 70 d.C., quando o general Tito invadiu a região e destruiu Yaohushualéym e o seu Templo. A região então foi transformada em província romana e batizada com o nome de Provincia Judaea. A segunda e última rebelião contra os romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A rebelião foi esmagada pelo imperador Adriano em 135 d.C. e os Yaohudym sobreviventes foram feitos escravos e expulsos de sua terra, na chamada 'diáspora'. Naquele mesmo ano, Adriano rebatizou a Provincia Judaea para Provincia Siria Palaestina, um nome grego derivado de 'Filistéia' como tentativa de desligar a terra de seu passado judaico. A Mishná e o TalmudeYerushalmi (dois dos textos sagrados judaicos mais importantes) foram escritos na região neste período.

Código MISHNÁH (UMA TRAMA PROTETORA PARA NÃO REVELAR O NOME ORIGINAL DO ETERNO) Visite as páginas: blasfêmia e escrituras.

Depois dos romanos os bizantinos e posteriormente os muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. Seu território foi controlado por diferentes Estados muçulmanos ao longo dos séculos (à exceção do controle dos cristãos cruzados, no Século XI) até fazer parte do Império Otomano, entre 1517 e 1917.

O sionismo (termo derivado de Sion, nome de uma colina da antiga Yaohushualéym), surgiu na Europa em meados do século XVII. Inicialmente de caráter religioso, pregava a volta dos Yaohudym à Terra de Yaoshorul, como forma de se proteger sua religião e cultura ancestral. Entre os séculos XIII e XIX o número de yaohudym que fizeram aliá (ato de um judeu imigrar para a Terra Santa) foi constante e sempre crescente, estimulado por periódicos surgimentos de crenças messiânicas e de perseguições anti-judaicas. Estas perseguições tinham quase sempre um caráter político-religioso. Os Yaohudym que retornaram à Palestina se estabeleceram principalmente em Yaohushualéym, mas também desenvolveram significativos centros em outras cidades nos arredores. Os Yaohudym já eram a maioria da população de Yaohushualéym no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos (Messianicos), armênios, gregos e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos foram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do século. Eram em geral Yaohudym da Europa Central e adeptos de ideologias socialistas. Porém, o sionismo moderno - fundado por Theodor Herzl, a partir de 1896 - aos poucos foi ganhando peso entre os judeus de outras partes do mundo. Começaram então novas ondas de imigrações judaicas para a província palestina, com os que lá chegavam adquirindo terras dos árabes e estabelecendo colônias e fazendas coletivas (Kibbutzim).

A escolha da causa sionista pelo território da então província palestina derivava de todo o significado cultural e histórico que a antiga Yaoshorul bíblica (conheça a diferença entre bíblia e escritura) possuía para o povo Yaohudym. Os sionistas defendiam a criação de um estado judaico em todo o território original de Yaoshorul, o que incluiria hoje a atual Jordânia, embora propostas de cessão de territórios na Patagônia, no Chipre e em Uganda tenham sido estudadas.

Ao término da Segunda Guerra Mundial, com a Europa destruída e os sentimentos anti-semitas ainda exaltados, milhões de Yaohudym de todo o mundo se uniram aos sionistas na Palestina. Mas a política de restrição à imigração judaica foi mantida pelo Mandato Britânico. Como forma de burlar as determinações inglesas, grupos militantes judaicos sionistas procuravam infiltrar clandestinamente o maior número possível de refugiados judeus na Palestina. Enquanto isso, retomavam os ataques contra alvos britânicos e repeliam ações violentas dos nacionalistas árabes. Como as pressões foram se avolumando, a Grã-Bretanha decidiu abrir mão da administração da Palestina e entregou a administração da região à Organização das Nações Unidas (ONU).

O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembléia Geral da ONU, realizada em 29 de novembro de 1947 e presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, que decidiu pela divisão da Palestina Britânica em dois estados, um judeu (Yaohudym) e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e aduaneira. A decisão foi aceita pela maioria das lideranças sionistas, embora tenha recebido críticas de outras organizações, por não permitir o estabelecimento do estado judeu em toda a Palestina. Mas a Liga Árabe não aceitou o plano de partilha. Eclodiu então um conflito armado entre judeus e árabes.

Em 14 de maio de 1948, algumas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina, David Ben Gurion assinou a Declaração de Independência do Estado de Israel (Yaoshorul). Em janeiro de 1949, Yaoshorul realizou suas primeiras eleições parlamentares e aprovou leis para assegurar o controle educacional, além do direito de retorno ao país para todos os judeus (Yaohudym). No período entre a Declaração de Independência e a Guerra de Independência, Yaoshorul recebeu cerca de 850 mil imigrantes, em especial sobreviventes de guerra e judeus (Yaohudym) oriundos dos países árabes (sefaraditas e Mizrahim). A Guerra dos Seis Dias (de 5 a 10 de junho de 1967) gerou uma onda de anti-judaísmo nos países sob a esfera de influência soviética. Os judeus da União Soviética eram proibidos de deixar o país, mas a partir de 1969 a reivindicação dos judeus (Yaohudym) soviéticos pelo direito a imigração possibilitou um ligeiro incremento no número destes em Yaoshorul. Na Polônia, em 1967, mais de cinco mil Yaohudym imigraram.

Até 1973, ano da Guerra do Yom Kippur, 260 mil Yaohudym desembarcaram em Yaoshorul, a maioria de países socialistas. Atualmente Yaoshorul vive um intenso conflito armado contra seus vizinhos árabes, e sua economia floresce com o forte apoio dos EUA e remessas particulares. Há o intenso e permanente conflito com o povo palestino, que quer estabelecer seu país nas terras de seus antepassados. Atualmente, Yaoshorul é governado pelo presidente Shimon Peres e pelo primeiro-ministro Ehud Olmert.



FOTOS DO MONTE DAS BEM-AVENTURANÇAS




Hoje os jardins repleto de flores do Monte das Bem-Aventuranças são um convite para os visitantes. O governo italiano financiou a construção da Igreja das Bem-Aventuranças, com sua cúpula negra em 1937.

“Bem-Aventurados são aqueles…”


Autor: Valerio Yarmiyaohu, concedo autorização para os que amam a verdade a salvar, copiar, enviar, traduzir qualquer página desse site, as fotos foram adquiridas na rede mundial de computadores podendo haver restrições, mas os textos são gratuitos porque recebi de graça do meu Pai (Yaohu). [Manyaohu 10:8 (Mt)]

terça-feira, agosto 27, 2013

Choque de Civilizações: A Tese

Uma crítica à tese do Choque de Civilizações

Em 1993, procurando fornecer um “paradigma para o exame da política mundial que tenha significado para os estudiosos e seja de utilidade para os formuladores de política”, Samuel P. Huntington publica, na revista Foreign Affairs, o provocativo ensaio The Clash of Civilizations? Como o tema gera uma série de debates, o ensaio transforma-se, em 1996, no livro O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial.

Este professor de Harvard propõe que, no mundo pós-Guerra Fria, “as distinções mais importantes entre os povos não são ideológicas, políticas ou econômicas. Elas são culturais” . Partindo do pressuposto de que os valores das sociedades contemporâneas refletem a herança deixada pelas civilizações, Huntington conclui que estas diferenças culturais levarão as nações a conflitos étnico-religiosos.

Queremos mostrar que pensar em civilizações como entidades monolíticas e fechadas compromete o modelo do choque de civilizações e o inutiliza para explicar as movimentações geopolíticas mais importantes da atualidade. Sem ignorarmos a importância dos fatores culturais para a formação de identidades, rejeitamos o determinismo de um enfoque que ignora as complexas relações inter e intra-civilizacionais em um mundo transformado pelas tecnologias da computação e comunicação e pela reestruturação capitalista que gerou a globalização.

Também gostaríamos de alertar para o perigo de uma “lente paradigmática” que tenta moldar, utilizando-se de uma “simplificação necessária” das complexidades da realidade social, o pensamento sobre a política mundial. Tal pretensão, caracterizada como ideologia, pode levar a uma visão totalitária do mundo. Cremos ainda que há um racismo implícito nas duas contraposições principais feitas por Huntington: o Ocidente versus o resto e o mundo islâmico versus as sociedades não-mulçumanas.

Da contenção ao choque

Ao término da II Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética conquistaram posições hegemônicas nas regiões antes disputadas pelas nações européias. O esgotamento (econômico, militar, social e até mesmo moral) de Inglaterra, França e Alemanha abre espaço para que os dois grandes vencedores alterem o equilíbrio das forças mundiais: do quadro multipolar onde diversos Estados-nação travam suas batalhas geopolíticas passa-se para a bipolaridade, para um mundo dominado por duas super-potências. 

Os Estados Unidos adotam ações de contenção das forças comunistas como modelo para sua política externa, um paradigma desenvolvido pela primeira vez por George Kennan em 1947, em um ensaio para a Foreign Affairs. A política de contenção dura até a falência da União Soviética.

Há então um primeiro momento de euforia entre os “vencedores” da Guerra Fria: Francis Fukuyama declara que a Humanidade atingiu seu estágio final de evolução ideológica com a “universalização da democracia liberal ocidental como forma de governo humano”. Outras idéias surgem. Huntington cita (e refuta, como faz com o mundo harmônico de Fukuyama) os paradigmas “Dois Mundos: Nós e Eles” (o planeta dividido em pobres e ricos); “184 Estados, mais ou Menos” (que defende que o relacionamento entre os Estados é anárquico); e o “Puro caos” (quadro em que o Estado-nação perde sua soberania e o mundo mergulha em conflitos tribais, étnicos e religiosos sem uma regra precisa para explicá-los). 

O desafio é definir um modelo geopolítico quando não existe “um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas”, quando “ (...) a soberania toma nova forma, composta de uma série de organismos nacionais e supranacionais, unidos por uma lógica ou regra única”. O poder em um mundo globalizado e transformado pela tecnologia da informação está diluído em um novo espaço de fluxos, levando a economia a um novo embate com a política. Temos uma realidade na qual as formas conhecidas de soberania e os “países são disciplinados por uma multidão eletrônica de investidores que controlam o acesso ao capital numa economia globalizada”.

Samuel P. Huntington
No entanto, mesmo considerando que a globalização nos leve à decadência total do Estado-nação e que a humanidade se relacione de uma maneira totalmente nova ao fim do processo, isso é algo ainda distante, se é que possível. Ou, como diz Nye, “a geoeconomia não substitui a geopolítica, por mais vagos que sejam os limites que as separam neste início de século”.

Isto fica claro quando lembramos que enquanto o avanço dos fluxos de capital nas redes financeiro internacionais homogeneíza o discurso tecnocrático sem considerar as peculiaridades de cada Estado-nação, os Estados Unidos passam a ocupar de maneira unipolar o vácuo político e militar deixado pela falência soviética. Relacionando a importância da economia norte-americana para o espaço de fluxos com o exercício pleno do poder inerente a uma superpotência sem adversários à altura, temos que o Ocidente é a “única civilização que tem interesses substanciais em todas as outras civilizações ou regiões e tem a capacidade de afetar a política, a economia e a segurança de todas as outras civilizações ou regiões”.

É quase natural a pretensão ocidental de tornar-se uma civilização universal. De querer controlar esta multipolaridade dos fluxos financeiro e informacional para combiná-la com a unipolaridade dos poderes militar, político, econômico e cultural tradicionais. Uma unimultipolaridade que mantenha o poder ocidental neste novo mundo fragmentado e no qual as identidades criadas em torno de ideologias políticas européias (como o comunismo e o capitalismo) não mais respondem aos anseios das comunidades humanas e são substituídas, segundo a teoria do choque de civilizações, por valores “indígenas”, por características étnicas e religiosas de cada tribo.

Mas Huntington chega também à conclusão de que o Ocidente está em declínio. As “mudanças graduais, inexoráveis e fundamentais também estão ocorrendo nos equilíbrios de poder entre as civilizações e o poder do ocidente em relação ao das outras civilizações” irá declinar. E ele lista as mudanças que irão acabar com o a predominância do poder ocidental: o desenvolvimento dos povos não-ocidentais (que estão ficando mais saudáveis, mais urbanizados e mais instruídos), a redistribuição do produto econômico mundial (decorrente da globalização e da disseminação das novas tecnologias) e o aumento dos efetivos militares das outras civilizações.

Para manter o poder norte-americano nesta nova sociedade em rede, a “lente paradigmática” de Huntington abandona a perspectiva marxista da luta de classes (o que não surpreende em um autor norte-americano da escola realista), preferindo guiar-se pela ótica weberiana (ou, ao menos, o que é entendido como tal pelo autor) na qual a cultura é o determinante. Assim, amplia o conceito de Estado-Nação para civilizações, delimitando as relações culturalmente e defendendo a identidade ocidental da multiculturalidade, dos valores pertencentes a outros agrupamentos raciais e étnicos. Desta maneira, pretende estabelecer um centro de poder em torno do conceito de cultura, mais subjetivo e fluido do que a fronteira territorial, adotando tradicionais conceitos geopolíticos para um mundo em que as redes informacionais limitam as ações e o poder do Estado-nação.

Isso leva Huntington a condenar a crença na universalidade da cultural ocidental, presente e determinante no processo de globalização das sociedades, denunciando-a como uma nova forma de imperialismo que pode levar o poder ocidental à exaustão. Resumindo: os “Estados Unidos não podem nem dominar o mundo nem escapar dele”. Um outro intelectual, que procura entender os novos desafios dos Estados Unidos defendendo justamente esta universalização dos valores e da cultura norte-americana, concorda com o dilema: “o paradoxo do poder americano (...) é que ele é grandioso demais para ser desafiado por qualquer outro Estado, mas não o bastante para resolver problemas como o terrorismo global e a proliferação de armas nucleares”.

Mas é na defesa dos valores que Huntington chama de ocidentais que ele encontra o caminho para a afirmação do poder norte-americano. Ou seja, em um mundo onde o tribalismo ocasiona os choques civilizacionais ao longo das linhas de fratura , dá-se uma solução tribal . Assim, não é de se estranhar que tenha sido uma ação tribal, calcada na oposição “Nós e os Outros” como formadora de identidade, a disseminar a tese do choque de civilizações. A idéia de que a civilização mulçumana estava em confronto com a ocidental ganhou amplo espaço na mídia após os atentados terroristas contras as torres gêmeas do World Trade Center.

Tamanho alvoroço levou até mesmo o próprio Huntington a contestar esta interpretação, dizendo tratar-se não de um conflito entre civilizações, mas de um ataque de um grupo contra toda a Humanidade. No entanto, o enfoque cultural/religioso tem um campo fértil em um mundo em busca de identidade e é refletido e disseminado nos discursos políticos, na cobertura jornalística e nos estudos acadêmicos.

Nós e os Outros, ou o Ocidente contra o mundo

Huntington define civilização como “o mais alto agrupamento cultural de pessoas e o mais amplo nível de identidade cultural que as pessoas têm aquém daquilo que distingue os seres humanos das demais espécies”. Usando tal conceito, distingue como principais: a sínica ou confuciana (China e comunidades chinesas do sudoeste asiático, além de Vietnã e as duas Coréias), japonesa, hindu, islâmica, ortodoxa, ocidental, latino-americana (é separada da civilização ocidental devido à incorporação de valores das civilizações indígenas e por sua cultura católica que não sofreu o efeitos da Reforma protestante) e africana (que Huntington hesita em considerar uma civilização própria ou dividi-la em islâmica – ao norte – e uma cultura européia fragmentada). Vemos que a característica principal que Huntington usa para definir as civilizações é a religião, sendo que das “cinco principais religiões, quatro – cristianismo, islamismo, hinduísmo e confuncionismo – estão associadas com civilizações principais”, ficando de fora apenas o budismo por causa de sua extrema fragmentação.

Said ironiza tal simplificação dizendo que Huntington não tem “tempo a perder com a dinâmica e a pluralidade internas de cada civilização, nem com o fato de que a disputa principal, na maioria das culturas modernas, diz respeito à definição ou interpretação de cada cultura”. Já Ali lembra que o mundo islâmico não é monolítico há mais de mil anos e que as “diferenças sociais e culturais entre mulçumanos senegaleses, indonésios, árabes e sul-asiáticos são muito maiores do que as semelhanças que eles têm com membros não-mulçumanos da mesma nacionalidade”.

Outros autores também refutam a simplificação do conceito civilizacional, já que os mulçumanos podem ser radicais ou moderados, tradicionais ou modernos, conservadores ou liberais, linha-duras ou revisionistas. E enumeram diversos fatores que distinguem as diversas nações islâmicas: “tradições históricas próprias e legados coloniais, divisões étnicas, diferentes níveis de desenvolvimento econômico e estágios do papel e do poder das religiões fundamentalistas”. Da mesma maneira, pensar que podemos reconhecer uma cultura isolada como Ocidente Cristão é simplificar demais, é esquecer os “contrastes entre a Europa mediterrânea católica e a Escandinávia protestante, assim como os aspectos sociais e denominações religiosas de cada país”.

Huntington diz que seu modelo é uma “simplificação necessária” das complexidades da realidade social e deixa bem claro a sua posição (o que não invalida as críticas acima). Ignora conscientemente as crises internas das oito civilizações por ele delimitadas para concentrar-se nas diferenças que considera profundas entre os valores centrais destas sociedades e que explicariam os diferentes estágios de desenvolvimento político e econômico dos Estados-nação.

Apesar de advertir que os alinhamentos políticos e econômicos nem sempre irão coincidir com os culturais, Huntington sustenta que a riqueza econômica e a política democrática do Ocidente são resultados muito mais de sua herança cristã do que de outras determinantes históricas. Do mesmo modo, os regimes autoritários e os fracassos econômicos dos países mulçumanos decorrem dos valores subjacentes à sua cultura islâmica, não importando o quanto possa ter influenciado a ação colonial dos países ocidentais ou a dinâmica da inserção destas economias nas redes de fluxo global.

Esquecendo-se assim dos “vínculos (...) próximos entre civilizações aparentemente em conflito”, Huntington passa a estruturar a dinâmica dos contatos inter-civilizacionais. Para ele, o relacionamento dos países com as civilizações no mundo pós-Guerra Fria se dá como Estados-membros (países plenamente identificados culturalmente com uma civilização), Estados-núcleos (estados mais poderosos e culturalmente mais importantes), países isolados (que carecem de aspectos culturais comuns com outras sociedades), países fendidos (no qual existem grandes grupos pertencentes a civilizações distintas) e países divididos (possuem uma única cultura predominante, mas que muda para uma outra civilização).

Na teoria do choque das civilizações, as duas superpotências da Guerra Fria são substituídas pelos Estados-núcleos como pólos de atração. E Huntington vai além, concordando com a teoria realista das relações internacionais que “prediz que os Estados-núcleos das civilizações não-ocidentais devem se congregar para contrabalançar o poder dominante do Ocidente”. 

Assim, parece correta a tese do choque de civilizações quando colocamos, por exemplo, o ódio fundamentalista contra os EUA em um quadro de formação de identidades reativas: se uma civilização pretende afirmar universalmente seus valores precisará enfrentar novas entidades formadas a partir da busca de valores comuns de etnia, língua, território, história e religião. Mas é preciso olhar com atenção a dinâmica de formação destas novas entidades.

Para Castells, identidade de resistência é a "criada por atores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes últimos". Difere da identidade de projeto, que é "quando os atores sociais (...) constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação de toda a estrutura social", e da identidade legitimadora, “introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais”.

Os conflitos entre comunidades diferentes não contrapõem apenas sociedades de diferentes civilizações, mas também (ou principalmente) comunidades de uma mesma civilização que compartilham alguns valores e discordam profundamente em outros. Segundo Vidal, “o governo [dos EUA] deveria pôr uma coisa em sua cabeça: que é odiado não só pelos estrangeiros cujos países destruíamos, mas também por americanos cujas vidas foram destruídas (...) Temos milhões de cidadãos americanos ressentidos, que não gostam da maneira como o país está sendo conduzido”.

Existe ainda uma reação de comunidades diferentes ao mesmo processo de globalização, comunidades que têm em comum apenas o fato de estarem reagindo ao mesmo processo de domínio, pertençam os dominadores a mesma civilização dos dominados ou não. Esta reação pode tanto ser um atentado suicida praticado por árabes, como a explosão das torres do WTC, quanto um ataque terrorista de fundamentalistas cristãos norte-americanos, como o atentado em Oklahoma City em 1995. 

Pensando as civilizações monoliticamente, Huntington coloca os valores centrais do Ocidente em conflito com valores culturais de em outras sociedades levando as nações a conflitos étnico-religiosos. Não há espaço para distensões internas.

Os valores ocidentais, ideologia e o fantasma de Gobineau

Características culturais podem facilitar a adoção de determinados conceitos políticos ou colocar alguns países em posição de vantagem em determinada dinâmica econômica. Castells, por exemplo, diz que a tradicional estrutura em rede das corporações asiáticas foi um fator importante para o espantoso crescimento econômicos dessas economias na fase da reestruturação capitalista.

Mas isso não significa que a aceitação de novos valores esteja excluída a priori em determinada civilização ou que estas sejam blocos monolíticos livres de transformações. Muito menos que democracia, individualismo, separação da autoridade espiritual e temporal, pluralismo social e império da lei sejam conceitos aceitos apenas pela civilização ocidental.

Um estudo recente compara crenças e valores das populações mulçumanas e não-mulçumanas em 75 sociedades diferentes. É encontrado um abismo entre o Islã e o Ocidente quando o tema é a liberação sexual e o grau de igualdade entre homens e mulheres. Mas o “Ocidente e as sociedades islâmicas em geral concordam em três dos quatro indicadores de valores políticos”.

Tal concordância entre valores políticos não desautoriza completamente a tese de que estamos vivendo em uma era onde serão predominantes os choque de civilizações. Invertendo o ângulo de observação (e reformulando vários conceitos e desenvolvimentos), pode-se afirmar, como o faz Bernard Lewis – cujo Raízes da Fúria Mulçumana, de 1990, já explica as relações políticas entre os países ocidentais e islâmicos como um choque milenar de civilizações – que o conflito acontece justamente pela semelhança: “são apenas duas as civilizações que podem se dizer universais, e são a civilização cristã e a islâmica. Que se assemelham porque não são geradas por uma etnia mas com base em uma religião e porque reivindicam uma universalidade e uma exclusividade. O conflito entre a civilização cristã e a civilização islâmica não nasce de suas diferenças, mas de suas semelhanças. Quando existem duas religiões semelhantes, historicamente contemporâneas e geograficamente adjacentes que reivindicam a mesma coisa, o conflito é inevitável”. 

Sejam os conflitos marcados pelas semelhanças, sejam pelos antagonismos, a idéia de um choque civilizacional continua sendo uma adesão racional à contraposição “Nós e os Outros” estabelecida de maneira passional pela religião. E Eco nos lembra que “todas as guerras de religião que ensangüentam o mundo através dos séculos são geradas de adesões passionais a contraposições simplistas, como Nós e os Outros, bons e maus, brancos e negros”. Neste contexto, qual o significado da sistematização de preconceitos tão profundos? Podemos traçar um paralelo com a transformação do racismo popular para o racismo ideológico na Europa imperialista?

Para Said, Huntington é um “ideólogo – alguém que quer transformar "civilizações" e "identidades" em algo que elas não são”. Mas a palavra ideologia tem uma gama de significados diferentes. Bobbio, por exemplo, chama de significado fraco da ideologia o “sistema de crenças políticas, um conjunto de idéias e de valores respeitantes à ordem pública e tendo como função orientar os comportamentos políticos coletivos”. Já Arendt diz que “(...) a ideologia difere da simples opinião na medida em que se pretende detentora da chave da história, e em que julga poder apresentar a solução dos “enigmas do universo” e dominar o conhecimento íntimo das leias universais “ocultas”, que supostamente regem a natureza e o homem”. 

A teoria do choque de civilizações tem a pretensão de orientar comportamentos políticos, de fornecer um paradigma para o exame da política mundial. Supera o “status” de opinião ao rejeitar outros elementos da realidade histórica, entre eles a própria ideologia.

E faz isso traduzindo a realidade em um conflito, reduzindo a realidade a uma dicotomia. Lembremos que “poucas ideologias granjearam suficiente proeminência para sobreviver à dura concorrência da persuasão racional. Somente duas sobressaíram-se e praticamente derrotaram todas as outras: a ideologia que interpreta a história como uma luta econômica de classes, e a que interpreta a história como uma luta natural entre raças”.

Huntington argumenta que civilização e raça são coisas diferentes e “povos da mesma raça podem estar profundamente divididos e povos de raças diferentes podem estar unidos pela civilização”. A distinção não se dá por aspectos raciais (como formato da cabeça ou cor da pele), mas culturais (religião, estruturas sociais). Mas esta diferença é suficiente para que a tolerância não seja subjugada por tendências totalitárias?

O conde Arthur Gobineau escreve seu Essai sur l´inégalité para procurar a força singular que regeria as civilizações em sua ascensão e seu declínio. Huntington quer fornecer “uma lenta significativa e útil através da qual se possa examinar os acontecimentos internacionais”.

Gobineau acreditava que a decadência da França no século XIX (e, por tabela, da civilização ocidental) era conseqüência da degenerência da raça, “e de que esta, ao conduzir ao declínio, é causada pela mistura de sangue”. Huntington escreve que a decadência dos Estados Unidos (e conseqüentemente da civilização ocidental) virá se houver um repúdio do “Credo” e se os multiculturalistas “promoverem outras identidades e agrupamentos raciais, étnicos e de outras culturas subnacionais”. 

Ao alertar para os perigos da diversidade e clamar pela unidade em torno das raízes européias da cultura norte-americana, Huntington nos faz lembrar a doutrina racista alemã, usada como arma de unidade interna, “vindo a transformar-se, depois, em arma para a guerra entre as nações”. Este é um resultado possível (se não provável) quando se esquece que “o parâmetro de tolerância da diversidade é certamente um dos pontos mais fortes e menos discutíveis, e nós julgamos madura a nossa sociedade porque sabemos tolerar a diversidade”.

Ao terminar O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, Huntington parece dar-se conta disso. Escreve que “o futuro da paz e o futuro da Civilização dependem da compreensão e da cooperação entre os líderes políticos, espirituais e intelectuais das principais civilizações do mundo”. A esperança é que seja esta a mensagem e não a simplificação danosa da contraposição cultural que permaneça. Infelizmente, não podemos esquecer que “a política é conduzida e apresentada no estilo elitista das visões de inteligência: desinformação, informações falsas, exagero da força e da capacidade do inimigo (...) Tudo é exageradamente simplificado ou reduzido a uma preocupante incompreensibilidade. A mensagem é simples: não há alternativa”.

Quando o choque não explica o mundo

A tese do choque civilizacional exige que admitamos a priori que a defesa dos interesses norte-americanos em países estrangeiros é uma atitude que geralmente coincide com a divulgação de valores como a democracia liberal ou império das leis. Mas como é possível falar em reação a valores culturais quando se sabe que desde 1947 os EUA lançaram “(...) mais de 250 ataques militares contra outros países, sem provocação anterior”? Quais valores culturais estão em jogo quando há o massacre de populações civis como estratégia de guerra?

O fundamentalismo islâmico

A lógica de Huntington não explica a guerra internacional contra o terrorismo iniciada como resposta aos ataques de 11 de setembro. Pela teoria do choque de civilizações, o Ocidente marcharia unido contra o Islã fundamentalista. Mas, após um ano depois dos atentados ao World Trade Center, a solidariedade européia aos EUA já era bem menor, “na medida em que as imagens das torres gêmeas desabando foram se apagando da memória coletiva”. Começa a se falar “muito menos dos EUA como vítimas e muito mais como agressores – em especial sobre George W. Bush”.

O choque de civilizações ignora que as diferenças entre o Ocidente e as nações islâmicas também refletem as visões de seus governos e elites. Dizer que “a revitalização das religiões não-ocidentais é a mais forte manifestação de antiocidentalismo (...), uma rejeição do ocidente e da cultura secular, relativista e degenerada, associada com o ocidente”, não parece suficiente para explicar porque jovens instruídos tornam-se terroristas suicidas. Para Friedman:
Esses incontíveis são jovens rapazes cheios de raiva, pois são educados com uma visão do islã como sendo a mais perfeita forma de monoteísmo, mas olham ao redor em seus países e vêem pobreza, ignorância e repressão generalizadas. E são humilhados por elas, humilhados pelo contraste com o Ocidente e pelo sentimento que isso lhes provoca, e essa humilhação – esta miséria de dignidade – direciona-os para a vingança suicida. A questão da dignidade é uma força poderosa nas relações humanas.

O próprio Huntington, um ano após publicar O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial, abandona sua visão cultural-religiosa para dizer que “a ascensão do fundamentalismo religioso é produto, em primeiro lugar, dos processos de modernização social e econômica que estão ocorrendo no mundo. Esse fator gerou movimentos fundamentalistas em praticamente todas as religiões mais importantes do mundo”. Ele hoje refuta a interpretação da guerra contra o terrorismo como um conflito civilizacional.

As causas do fundamentalismo radical islâmico são mais bem explicitadas quando olhamos para as disparidades profundas entre pobres e ricos dentro das sociedades, além das perversas iniqüidades do poder político nos regimes do oriente Médio. Segundo Ali, “a ascensão da religião é explicada parcialmente pela falta de qualquer outra alternativa ao regime universal do neoliberalismo”. 

O petróleo do Iraque

Árabes sunitas, incluindo Saddam Hussein e muitos iraquianos da oposição mantida pelos americanos, não somam mais do que 16% da população iraquiana; eles dominam o Iraque central assim como o sul de Bagdá. Os curdos étnicos, que também são mulçumanos sunitas, estão concentrados nas montanhas do norte. Mas cerca de dois terços dos iraquianos são mulçumanos xiitas, e eles habitam os bairros miseráveis de Bagdá assim como o sul do Iraque. Diferentemente dos curdos e outros na zona de exclusão aérea ao norte, que recebem uma grande parte das vendas de petróleo administradas pelo programa das Nações Unidas de petróleo por comida, os iraquianos na vasta zona sudoeste têm sofrido privações em uma década de sanções. Saddam Hussein, naturalmente, está inteiramente disposto a deixá-los sofrer.

Imaginar civilizações em conflitos não ajuda a entender a estrutura social iraquiana. Quais valores estão em conflito: os ocidentais contra os islâmicos ou os sunitas contra os xiitas e contra os curdos? Qual conflito melhor explica o que acontece com a população iraquiana? Conflitos de valores também deveriam provocar reações anti-ocidentais nas ruas de Bagdá:

A primeira e mais chamativa experiência para os visitantes dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, os dois países que lideram a campanha para o Iraque permitir inspeções livres de armas ou enfrentar um ataque militar, é que os iraquianos permanecem extraordinariamente amistosos. (Há poucas exceções, principalmente entre autoridades do governo e oficiais do exército, os que se sentem mais ameaçados).

Além disso, por que não acreditar que xiitas, curdos sunitas estariam propensos a festejar da mesma maneira que os habitantes de Kandahar ou Cabul a queda de um regime sanguinário? A resposta fica mais clara se procuramos entender a guerra contra o Iraque não como um confronto com os valores ocidentais, mas como um jogo geopolítico e econômico.

Se os Estados Unidos tiverem acesso pleno às reservas iraquianas, isso pode significar o fim do domínio da Arábia Saudita no mercado internacional de petróleo e até mesmo o fim da OPEP. É uma conta arriscada e de valores altíssimos: “a guerra deve mobilizar mais de 100 mil soldados e custará de US$ 100 bilhões a US$ 200 bilhões (...) Depois, será preciso manter 50 mil soldados no país, a um custo da ordem de US$ 18 bilhões por ano, talvez por décadas. Em troca [Bush] poderá deter também por décadas o controle da produção e do preço do petróleo no mundo”. Deve-se incluir aí também os massivos investimentos que o Iraque precisará das indústrias ocidentais para reestruturar a sua produção petrolífera e a nova amizade de Bush com Putin, uma importante mudança na geopolítica energética. Para completar, a diferença do tratamento dado à Coréia do Norte nos levar a duvidar que a única preocupação do governo norte-americano seja a questão das armas nucleares.

A Bósnia e outros conflitos

Temos então que o ataque terrorista de 11 de setembro não deve ser visto com as lentes do choque civilizacional – conseqüentemente, excluímos também a possibilidade deste modelo explicar a guerra no Afeganistão. E é igualmente complicado encaixar a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque na categoria do conflito de civilizações. Ou seja, os dois maiores conflitos da última década (que mais receberam a atenção da mídia) não podem ser explicados pelo modelo de Huntignton.

Nos últimos 15 anos, apenas um outro conflito ocupou tanto a mídia e os intelectuais: a guerra da Bósnia. Aqui parece que a teoria funciona como um relógio, tanto que é citada por Huntignton para exemplificar como as diferenças culturais conduzem ao conflito. Afinal, católicos (ocidentais), ortodoxos (eslavos) e mulçumanos enfrentaram-se em um genocídio étnico medonho. Para Huntington, o “ponto crucial é que as potências estrangeiras que apoiaram os participantes nos combates o fizeram segundo critérios estritamente ligados à civilização, excetuando os EUA e seu interesse em promover uma Bósnia multiétnica, dominada pelos muçulmanos”. Mas os únicos apoios que poderiam ser chamado de civilizacionais são o russo à Sérvia e o alemão à Croácia. França e Inglaterra apoiaram a Sérvia ortodoxa: é muita exceção para ignoramos outros interesses em jogo.

O quadro geopolítico mundial fica mais claro se pensarmos que “uma grande parte dos conflitos inter-culturais hoje são resultados de uma humilhação cultural”. Assim, temos que motivos outros que não apenas os culturais ligam as engrenagens dos preconceitos e estes geram o ódio racial ou civilizacional. A diferença de valores culturais não é sempre um motivo forte o suficiente para deflagrar um conflito. O movimento indígena mexicano em Chiapas, um exemplo já clássico das lutas sociais na era da informação digital, não é uma luta contra valores ocidentais, mas contra um longo processo de marginalização. Tratar esta ou outras culturas como inferiores (como fez o primeiro ministro italiano em relação ao Islã) ou como perigosos para os nossos valores não servirá para explicar conflitos de nossos tempos – apenas acirrará este ódio.


Conclusão

Simplificar as questões geopolíticas focando as principais causas de conflito nas diferenças culturais das “sete ou oito” principais civilizações modernas não fornece a resposta esperada para entendermos a nossa complexa realidade, na qual as sociedades interagem globalmente através das redes informacionais.

O aspecto cultural continua importante, como sempre o foi. Talvez em uma época em que sociedades, nações e indivíduos buscam desesperadamente suas identidades, importe até mais do que em outros momentos da história humana. Mas isso não implica a sua centralidade e o desprezo aos aspectos econômicos, territoriais, humanos (nem sempre confessáveis) e ideológicos. Isso não apenas impede uma melhor compreensão como, como visto, pode nos trazer de volta fantasmas que imaginávamos extintos.

No início da década de 90 prometia-se um novo mundo de riquezas e prosperidade, uma humanidade finalmente unida em busca do desenvolvimento econômico e da prosperidade resultante dos avanços da ciência e da tecnologia. O modelo neoliberal, a “ideologia política de maior sucesso na história”, é hoje muito contestado e o fundamentalismo religioso “parece estar forte e influente como fonte de identidade”. Mas o resultado não é um choque civilizacional. Antes de falarmos em conflitos de valores, é preciso lembrar, como faz Eco, que “a guerra se transformou em algo tão complexo que não costuma mais chegar ao fim com uma situação de paz”. Além disso, “se, no passado, a guerra em outras partes garantia a paz no centro do império, hoje é exatamente ali que o inimigo golpeia mais facilmente”.

Neste mundo instável, é preciso ainda mais cautela ao falar em contraposições de valores, em estabelecer dicotomias simplistas. Para que o choque não seja o catalisador que foram as idéias de Gobineau para o racismo como ideologia imperialista e como arma política nazista.

Foi utilizando o racismo de forma ideológica que Hitler implantou a sua visão de Estado na Alemanha. Utilizando-se de um discurso anti-ocidental, a direita religiosa islâmica quer controlar as intuições políticas do mundo mulçumano. E ao atacar o multiculturalismo norte-americano, Huntington procura defender a cultura ocidental da miscigenação inter-civilizacional de modo a unir a população ocidental no “Credo” norte-americano. Assim, o que temos não é um choque de civilizações, mas um choque de maldades.

Reduzir a complexidade do mundo a dicotomias simplificadoras é esquecer que “o reconhecimento do pluralismo cultural requer o desenvolvimento de uma democracia avançada”, que a “democracia é também um método para o diálogo e o consenso entre grupos com interesses diversos”. Perder a capacidade de trabalhar com parâmetros diversos e contraditórios, “uma das coisas mais louváveis da cultura ocidental”, é deixar a porta aberta para a prática da violência totalitária.

A preocupação de Huntington é com a decadência do Ocidente e com a manutenção do poder norte-americano em um mundo globalizado e informacional. O irônico é ele usar justamente os conceitos de democracia e liberdade como armas, sem se importar com as conseqüências que a disseminação de sua tese traz para a democracia e a liberdade. Assim, antes de absorverem automaticamente idéias como a do choque de civilizações, políticos e mídia deveriam entender os seu significado: no jogo imperialista e totalitário, não há vitória a longo prazo.

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O Demônio está atacando o Mundo

A Palavra de Deus adverte a respeito de um tempo em que forças espirituais tenebrosas virão contra o mundo e tomarão o controle da humanidad...