O FMI, o Banco Mundial e os governos já falam abertamente: os Bancos Centrais transformarão suas moedas nacionais em moedas digitais.
As "Moedas Digitais Emitidas por Bancos Centrais" terão um funcionamento similar ao Bitcoin, com a óbvia diferença de que serão emitidas pelos governos.
E isso muda tudo.
Ao utilizarem a tecnologia blockchain para transformar as moedas nacionais em criptomoedas, os BCs causarão uma revolução no sistema financeiro global comparável à internet.
Os BCs terão total controle sobre a circulação desta moeda. Com a tecnologia blockchain — que grava toda e qualquer transação financeira — eles saberão, a todo momento, exatamente quem detém qual dígito em qual carteira. Saberão a exata quantia que cada indivíduo possui. A privacidade financeira será uma relíquia do passado.
Mas o real objetivo de uma moeda digital é outro: ela permite que o BC não mais dependa do sistema bancário para fazer sua política monetária.
O BC poderá livremente criar moeda e enviá-la diretamente para a carteira eletrônica de quem ele quiser, contornando os bancos — os quais, ao não concederem crédito a rodo, foram o principal empecilho para as políticas de “afrouxamento quantitativo”.
Mais: o BC também se tornará o executor da política fiscal. Por saber exatamente quem detém quantos dígitos, e por saber de toda e qualquer transação monetária (que ficam gravadas no blockchain), ele também terá o poder de tributar e redistribuir.
Isso altera completamente, e para sempre, as políticas fiscal e monetária. Além de virarem os executores da política fiscal, os BCs também poderão fazê-la de modo completamente independente das finanças dos governos.
Eles poderão, por exemplo, enviar moeda diretamente a donos de restaurantes que foram fechados por causa da pandemia. E poderão punir os poupadores impondo juros negativos para pessoas que tenham muita moeda em suas carteiras.
Um sistema de várias taxas de juros estipuladas no BC será a norma. Não mais serão os bancos tradicionais que irão determinar os juros de acordo com riscos ou disponibilidade de capital. Os BCs poderão estipular o custo de capital que quiserem para qualquer indivíduo ou empresas.
Tudo isso será crucial para a imposição de um sistema de Renda Básica Universal. Com a difusão dos smartphones e da internet 5G, mesmo os mais pobres das regiões mais remotas conseguirão receber moedas digitais em suas carteiras diretamente do BC.
No final, a economia comportamental assumirá a dianteira da política econômica. O "Big Data" irá alimentar as decisões da política monetária e fiscal. Os BCs poderão criar incentivos diretamente, na forma de recompensa e de punição. Eles poderão afetar o comportamento humano de uma maneira bem mais sutil e discreta do que as tradicionais políticas monetária e fiscal.
Será uma tremenda alteração em tudo o que sabemos sobre economia, principalmente macroeconomia.
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