Filhos de políticos em Escola Pública

Há uma discrepância enorme entre o mundo de luxo e bonança dos políticos e a dura realidade do povo brasileiro.

A qualidade da educação dos filhos dos parlamentares em contraste com o péssimo nível da educação nacional é um grande exemplo deste abismo. Mas e se fosse possível acabar com esta situação através de uma simples lei? É o que propõe o senador Cristovam Buarque. 

Cristovam Buarque é o exemplo perfeito que desmente aquela antiga máxima da crença popular que diz: “político é tudo igual”. Os maus políticos, por sinal, adoram essa ideia e fazem questão de corroborá-la, pois os eleitores abstêm-se, dessa forma, de quaisquer responsabilidades na hora do voto, elegendo qualquer um para os cargos políticos. Afinal “são todos iguais”. Mas não, políticos não são todos iguais.

Quando o Senador lançou o Projeto de Lei nº 480 em 2007 que obriga políticos eleitos a matricular seus filhos em escolas públicas até 2014, ele já deixava isso bem claro. A ideia parecia um tanto ousada e por falta de apoio no Congresso, é lógico, a coisa esfriou. No entanto, pouco tempo atrás, o projeto — que atualmente se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania — ganhou nova visibilidade nas redes sociais da internet e em petições públicas com mais de 50 mil assinaturas.

É evidente que os parlamentares não gostaram nem um pouco disso e inventam as desculpas mais esfarrapadas para desmerecer o projeto. Eles conhecem muito bem o nível do ensino público brasileiro e devem ficar arrepiados só de imaginar seus filhos em tais escolas. Acredito que só mesmo assim para que os nobres deputados possam lutar pela qualidade do ensino brasileiro, quando sentirem na pele o que é ter um filho sofrendo por falta de estrutura, falta de professor, falta de matéria e tantos outros problemas do cotidiano escolar brasileiro. Afinal estes desgraçados só sabem legislar em causa própria. Então façamos da nossa causa a deles.

É lógico que, caso a lei seja aprovada, é preciso tomar algumas precauções para evitar a esperteza destas velhas raposas políticas. É preciso, por exemplo, colocar um limite de vagas por escola para a matrícula dos filhos dos políticos, pois senão haveria a concentração de todos eles em uma meia dúzia de colégios públicos, elevando o nível destes, enquanto todos os outros continuariam do mesmo jeito. Também é preciso deixar claro que colégios de excelência como o Pedro II e os de Aplicação das Universidades, apesar de públicos, não podem fazer parte da proposta, porque eles estão acima da média e não representam a realidade.

Com estes ajustes, eu acredito que a lei vai fazer um grande bem para o ensino público brasileiro. Como disse Cristovam Buarque, uma das grandes distorções da política é o fato dos parlamentares legislarem pelo serviço público, mas usarem os serviços privados. Isso não faz o menor sentido e precisa ser corrigido. O próximo passo é defender o mesmo para o serviço publico da Saúde, fazendo com que sejam obrigados a usá-lo, para verem o que é bom pra tosse.

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