Resenha
Revelado ao mundo com o absurdo sucesso de O Código Da Vinci, Dan Brown conheceu a fama e nunca mais se afastou dela. De uma hora para outra todos os seus livros anteriores passaram a figurar na lista dos mais vendidos de vários países ao redor do mundo e sua obra seguinte foi aguardada com ansiedade pelos fãs recém conquistados.
Entretanto, o terceiro livro protagonizado pelo cativante personagem Robert Langdon, O Símbolo Perdido, deixou muito a desejar perto das tramas de seus antecessores (Anjos e Demônios - o meu preferido, diga-se de passagem - e o tão falado O Código Da Vinci). Inferno, novo trabalho do autor protagonizado por Langdon, é prova de que Dan Brown continua inspirado no gênero que o consagrou e ainda consegue agradar ao seu público.
Fugindo do esquemático assassinato do prólogo para em seguida mergulharmos em uma trama onde os protagonistas são perseguidos por um assassino enquanto desvendam um enigma, em Inferno começamos a história com um suicídio e com Langdon sem memórias e acordando em um hospital de Florença, na Itália. Com o passar das páginas, descobrimos que um plano para diminuir o crescimento populacional através de uma peste está em andamento e vemos Langdon viajando por diversos cartões postais acompanhado de uma bela moça (ou, se preferir, a Langdon Girl do momento, Sienna Brooks) tentando resolver o mistério que pode ajudar a salvar o mundo. Parece igual. E é, mas com sutis e interessantes diferenças que devem agradar aos fãs do autor.
Usando como base o épico Divina Comédia, de Dante, acompanhamos na leitura de Inferno uma busca de Langdon por respostas e por suas memórias, enquanto vemos o desenrolar de uma trama global e que nos prende a atenção logo de início. Mais uma vez, Dan Brown é mestre em misturar fatos reais com uma imaginação prodigiosa e em vários momentos da leitura podemos nos perguntar o que é efetivamente real e o que é apenas inventado pelo autor da trama.
Com capítulos curtos centrados em personagens distintos, marca de Dan Brown, acompanhamos várias linhas narrativas, com a visão de personagens diferentes sobre o que acontece na história. É aí que entra o talento de Brown em prender a nossa atenção já que é impossível largar um capítulo pela metade ou simplesmente não ficar ansioso pelo que há de vir, já que cada capítulo termina engenhosamente com um cliffhanger pensado para fisgar o nosso interesse e nos manter ligados na história.
Contando com algumas reviravoltas interessantes na trama, um dos charmes de Inferno é efetivamente não sabermos quem é vilão ou mocinho, já que as cartas podem ser mudadas a qualquer instante. Mais do que isso, como Langdon encontra-se desmemoriado e sem saber em quem pode confiar, as dúvidas que assolam o protagonista, como "quem está mentindo para mim?", também acompanharão o leitor até as páginas finais do livro.
Com um ritmo pensado para nos fazer não largar suas páginas, Inferno reitera o talento de Dan Brown em proporcionar entretenimento escapista embalado em pseudo erudição.
Se você, como eu, ficou frustrado com a trama boba de O Símbolo Perdido, não se deixe enganar por essa "falha" da biografia de Dan Brown. Inferno tem tudo aquilo que fez o autor se tornar o queridinho do público com o sucesso de O Código Da Vinci, com teorias da conspiração, sociedades secretas e uma trama ágil e envolvente.
Para fãs ou não, é fato: não dói nada e pode ser muito divertido fazer essa viagem alucinada ao lado de Robert Langdon e Sienna Brooks.
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